Japão reportou 4 casos, Pessoas estiveram no Brasil
Análises feitas pela Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz) apontam que a variante do coronavírus identificada em 4 pessoas que estiveram em viagem no Brasil e chegaram a Tóquio, no Japão, no início do mês, teve origem no Amazonas. As mutações, inéditas até então, devem criar uma linhagem brasileira do Sars-Cov-2, vírus responsável pela covid-19.
As autoridades sanitárias japonesas informaram ao Ministério da Saúde, no último sábado (9.jan.2021) que a nova variante possui 12 mutações, sendo que uma delas é a mesma encontrada em variantes já identificadas no Reino Unido e na África do Sul, o que implica em maior potencial de transmissão do vírus.
“Os japoneses colocaram os dados do sequenciamento no banco de dados internacional, e as amostras colhidas agrupam com as nossas aqui. É o mesmo vírus, mas com muitas mutações”, disse Felipe Naveca, pesquisador da Fiocruz Amazonas, ao UOL.
Ele explicou que o sequenciamento do vírus compartilhado pelo Japão foi comparado com amostras existentes no banco de dados do Amazonas coletadas de abril a novembro de 2020. A fundação ainda analisa amostras de dezembro.
Dados mostram que a variante encontrada é a B.1.1.28, presente em todo o Brasil, que sofreu uma série de mudanças. Segundo Naveca, “duas delas são importantíssimas”.
“Mutações similares já foram associadas com a maior transmissão do Sars-CoV-2. É um vírus que passou por um processo evolutivo, que nos faz pensar em, talvez, uma nova variante brasileira”, explicou.
O pesquisador afirmou que “mutações preocupam bastante”, mas que é preciso “mais tempo e análises para saber realmente se ela [a variante presente no Estado] está associada a esse maior poder de transmissão”.
“É importante explicar às pessoas que mutações ocorrem de forma natural nos vírus, e algumas poucas dão mais vantagens a ele. É uma evolução natural do vírus”, falou Naveca.
“A gente sempre alertava que, quanto mais um vírus infecta as pessoas, mais vai evoluir. Mas isso não quer dizer que cause doença mais grave.”
O Amazonas passa por crescimento nos números de infectados e mortos pela covid-19. O governador do Estado, Wilson Lima (PSC), prorrogou na última 5ª feira (7.jan.2021), por mais 180 dias, o estado de calamidade pública.
“Acredito que essas mutações possam ser parte da explicação para essa explosão de casos aqui no Amazonas”, disse Naveca.
“Mas nós sabíamos que o número de casos iria aumentar porque as pessoas não estavam fazendo distanciamento. Nos dias 26 e 27 de dezembro houve protesto porque o governador mandou fechar o comércio, houve as festas de fim de ano. E o sistema de saúde do Estado já estava fragilizado, é uma situação multifatorial, a meu ver.”
FONTE: PODER 360
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