Autoridades pediram 'bloqueio completo' do Twitter, Facebook, WhatsApp, YouTube e Telegram por algumas horas
O governo paquistanês ordenou à autoridade de regulamentação das comunicações que bloqueie nesta sexta-feira (16), por algumas horas, as redes sociais e os aplicativos de mensagens no país, após vários dias de manifestações violentas antifrancesas.
Em uma notificação enviada à Autoridade de Telecomunicações Paquistanesa (PTA), o ministério do Interior pede um "bloqueio completo" do Twitter, Facebook, WhatsApp, YouTube e Telegram nesta sexta-feira por algumas horas.
A PTA destacou que o objetivo é "manter a ordem pública e a segurança". O serviço foi restabelecido à tarde.
A proibição ocorreu depois que a embaixada francesa no Paquistão recomendou aos seus cidadãos e empresas franesas que abandonassem temporariamente o temporariamente o país, devido às "graves ameaças" que pesam sobre os interesses franceses.
O anúncio aconteceu após vários dias de manifestações violentas em Lahore (leste) e Karachi (sul), as duas maiores cidades do país, assim como na capital Islamabad (norte), estimuladas pelo partido islamita radical Tehreek-e-Labbaik Pakistan (TLP), para exigir a expulsão do embaixador da França.
Os partidos políticos utilizam frequentemente as redes sociais no Paquistão para mobilizar os militantes. Talvez as autoridades temam que o TLP utilize a oração de sexta-feira, que leva multidões de fiéis às mesquitas, para estimular o descontentamento de seus simpatizantes.
A detenção, na segunda-feira passada em Lahore, do líder do TLP, Saad Rizvi, provocou grande irritação entre seus apoiadores, e mais de 200 deles foram detidos nos últimos dias em confrontos com a polícia, segundo indicaram fontes policiais à AFP.
Horas antes de ser detido, Rizvi convocou uma manifestação em Islamabad em 20 de abril para exigir a expulsão do embaixador francês.
O TLP, um influente partido extremista que instrumentaliza a questão da blasfêmia, tem uma grande capacidade de mobilização e, no passado, conseguiu bloquear estradas por vários dias.
No entanto, a situação nesta sexta-feira foi muito mais tranquila, apesar de um grupo de simpatizantes do TLP ter se manifestado em frente a uma escola religiosa, que também é a sede do partido.
'Dias caóticos'
"Esses últimos dias foram caóticos", declarou à AFP Mariam Jamal, trabalhadora de uma empresa do mercado digital de Lahore.
"Primeiro não podíamos chegar no trabalho a hora por culpa dos engarrafamentos e dos controles nas estradas, agora não podemos fazer quase nada porque as redes sociais estão bloqueadas", acrescentou.
O governo do primeiro-ministro Imran Khan tentou durante vários anos controlar o TLP, mas foi em vão. No entanto, na quarta-feira foi mais além e anunciou a proibição do partido, classificando-o como um grupo terrorista.
O sentimento antifrancês é grande no Paquistão desde que o presidente Emmanuel Macron defendeu o direito de publicação de charges em nome da liberdade de expressão.
A defesa aconteceu durante uma homenagem a um professor assassinado em 16 de outubro na região de Paris, depois de exibir desenhos satíricos em uma aula, após a nova publicação de representações do profeta Maomé pelo semanário francês Charlie Hebdo.
O islã, em sua interpretação estrita, proíbe qualquer representação de Maomé.
Além disso, a segurança foi reforçada nas imediações da embaixada da França em Islamabad.
FONTE: AFP
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