Edifício de dez andares foi evacuado uma hora antes do ataque; jornalistatas não puderam retirar equipamentos
O Exército israelense bombardeou neste sábado (15) um prédio de mais de 10 andares em Gaza que abrigava os escritórios da emissora Al Jazeera e da agência americana de notícias Associated Press (AP), confirmaram jornalistas da AFP no local.
Jawad Mehdi, proprietário do edifício Jala, informou que um oficial da inteligência israelense o avisou antes do ataque que ele tinha uma hora para evacuar o prédio. Ele solicitou dez minutos adicionais para os repórteres embalarem seus equipamentos, mas teve o pedido recusado.
A AP disse estar "chocada e horrorizada" com o ataque israelense que destruiu o prédio. "Este é um acontecimento incrivelmente perturbador. Nós evitamos por pouco terríveis perdas de vidas", declarou o chefe da agência, Gary Pruitt, em um comunicado.
"O mundo ficará menos informado sobre o que está acontecendo em Gaza por causa do que aconteceu hoje", acrescentou.
Mais cedo, Jon Gambrell, jornalista da agência de notícias, escreveu no Twitter que "um ataque israelense destruiu o prédio que abrigava os escritórios da AP em Gaza".
"O Exército avisou o proprietário do prédio onde fica o escritório da AP que o local seria alvo de um bombardeio", escreveu ele pouco antes do ataque.
Jornalistas da AFP viram a torre desabar após ser atingida por vários mísseis.
A rede de televisão Al Jazeera confirmou no Twitter que seus escritórios ficavam neste prédio e transmitiu ao vivo as imagens da torre desabando e sendo reduzida a uma montanha de escombros.
O Exército israelense declarou que equipamentos militares do Hamas, o movimento islâmico que governa o enclave, estavam na torre atingida por seus caças.
"O prédio também abrigava escritórios de veículos de comunicação civis, atrás dos quais o grupo terrorista Hamas se esconde e que usa como escudos humanos", acrescentou o Exército, alegando ter alertado os civis antes do ataque e "ter lhes dado tempo suficiente".
"É claro que foi decidido não apenas causar destruição e mortes, mas também silenciar aqueles que são testemunhas", reagiu à AFP Walid al-Omari, chefe do escritório da Al Jazeera em Israel e nos Territórios Palestinos.
"Continuaremos nossa cobertura de notícias apesar da destruição (...) Voltaremos ao ar com novos equipamentos", garantiu Safwat al-Kahlout, correspondente do canal em Gaza.
"Pode ser que haja bombas caindo em nosso prédio. Subimos correndo as escadas do 11º andar e agora estamos olhando para o prédio de longe. Esperamos que o Exército recue", escreveu no Twitter Fares Akram, correspondente da AP em Gaza, antes do ataque.
Desde segunda-feira, Gaza tem sido alvo de bombardeios israelenses, enquanto mais de 2.000 foguetes foram disparados do enclave palestino na direção de Israel, metade deles interceptados pelo sistema de defesa Domo de Ferro.
O último balanço fornecido pelas autoridades palestinas reporta 139 mortos, incluindo 39 crianças, e 1.000 feridos nos bombardeios contra Gaza. Do lado israelense, há até o momento 10 mortos e mais de 560 feridos.
Agência AP "chocada" com bombardeio israelense de prédio da imprensa em Gaza
A agência de notícias americana AP declarou neste sábado estar "chocada e horrorizada" com o ataque israelense que destruiu o edifício que abrigava seus escritórios e os da Al-Jazeera em Gaza.
"Trata-se de um acontecimento incrivelmente perturbador. Nós evitamos por pouco uma terrível perda de vidas", disse o chefe da agência, Gary Pruitt, em nota.
“O mundo ficará menos informado sobre o que está acontecendo em Gaza por causa do que aconteceu hoje”, acrescentou.
FONTE: AFP
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