Planejamento rubro-negro ficou comprometimento com eliminações precoces e debilitado com o não rendimento de reforços contratados no ano
O Flamengo vive uma fase turbulenta e de projeções frustradas nos âmbitos esportivo e financeiro. Quanto às finanças, as eliminações nas quartas da Copa do Brasil e oitavas da Libertadores acentuam um buraco nas contas que também foi cavado por reforços que ainda não vingaram na temporada.
Dos investimentos feitos pela diretoria, apenas Isla, Thiago Maia e Pedro - estes dois últimos emprestados por Lille e Fiorentina, respectivamente - têm dado um retorno técnico ao clube.
Os dois zagueiros recrutados, por exemplo, estão longe da forma ideal e contribuem para que o sistema defensivo do Flamengo seja o calcanhar de aquiles dos técnicos na temporada. Léo Pereira, ex-Athletico-PR, custou 5 milhões de euros (cerca de R$ 31,2 milhões à época), além de comissões estabelecidas. Na última terça, quando o time de Rogério Ceni foi eliminado para o Racing na Libertadores, não foi utilizado. Mas Gustavo Henrique, que chegou ao Ninho do Urubu a custo zero, após findar o vínculo com o Santos, foi. E comprometeu, como ocorreu em recentes rodadas do Brasileiro.
Ou seja, os tiros certeiros de 2019 no mercado não se repetiram em 2020. No ataque, apenas Pedro, artilheiro da equipe na temporada, corresponde. Michael e Pedro Rocha ainda devem e não têm feito a esperada diferença quando saem do banco de reservas e são acionados.
E Michael teve um preço salgado: R$ 34 milhões, junto ao Goiás, que o viu ser a "Revelação" do último Brasileiro. Estava valorizado e prometia ser um talismã, uma espécie de 12º titular no Fla, sobretudo pelo início animador com Jorge Jesus. Contudo, não tem sido assim. Foram quatro gols e quatro assistências - em 37 partidas. Na última, não contou com a aposta de Ceni e nem saiu do banco, mesmo com o Rubro-Negro priorizando a velocidade pelas pontas.
As expectativas criadas em cima de Pedro Rocha, primeiro reforço anunciado para 2020, também são frustradas, até aqui. Emprestado até dezembro pelo Spartak Moscou, o camisa 32, que recebe um dos cinco maiores salários do elenco, só entrou em campo em 10 oportunidades, sendo apenas três entre os titulares (ou 250 minutos, ao todo). Tem um gol marcado.
O clube ainda avalia condições para contratá-lo em definitivo - ou abrir mão, dependendo do andar das negociações com o clube russo.
Peso nas finanças e novas necessidades
O Fla já debate as finanças após as eliminações precoces, cujas projeções no orçamento eram as seguintes: ida até a final da Copa do Brasil com e semi da Libertadores.
Em suma, o Flamengo deixa de faturar, no mínimo, R$ 40 milhões com as premiações antes previstas com Copa do Brasil e Libertadores. E poderia chegar a R$ 72 milhões, caso viesse o título do torneio continental.
Assim, o Flamengo terá que fazer caixa e negociar jogadores para não ficar no sufoco. Cabe destacar que, antes da eliminação na Libertadores, um planejamento já visando 2021, que ainda necessita da anuência dos conselheiros, dava conta de uma estimativa de cerca de R$ 170 milhões em vendas de atletas (em 2020, era de R$ 80 milhões) e R$ 30 milhões para a compra de atleta.
Estes R$ 30 milhões equivalem às duas primeiras parcelas da aquisição de Pedro, uma das prioridades do departamento de futebol e reforço mais bem-sucedido da temporada, junto à Fiorentina - caso a opção de compra seja selada. Já o estipulado em vendas, possivelmente, terá que ser acentuado.
'Reinício' neste sábado
Ainda cercado das frustrações e das indefinições citadas acima, além do imbróglio envolvendo a renovação (ou não) de Diego Alves, o Flamengo terá uma chance de "reinício" neste sábado. A oportunidade de resposta, até para os reforços de 2020 que estão devendo, será diante do Botafogo, neste sábado, no Nilton Santos e pela 24ª rodada do Brasileiro.