Incêndio atingiu subestação e prejudicou os três transformadores responsáveis pelo fornecimento do serviço a todo o estado. Prazo inicial para apuração é de 30 dias.
O ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque, anunciou na noite desta quinta-feira (5) que foi aberta investigação para apurar as causas e consequências do incêndio que causou o apagão que deixa 13 dos 16 municípios do Amapá sem energia elétrica desde a noite de terça-feira (3).
O anúncio foi feito em coletiva durante à noite em Brasília pelo ministro, que esteve durante a manhã na capital em Macapá e divulgou planos para retomada da energia, de forma total em até 15 dias, e de forma parcial, cerca de 70% do estado, entre a noite desta quinta e a tarde de sexta-feira (6).
Principais impactos do apagão para a população:
Falta de energia em 13 dos 16 municípios, incluindo todos da região metropolitana. Em Macapá, só há energia em serviços essenciais, como hospitais
Falta água encanada, água mineral e gelo
Internet e serviços de telefonia quase não funcionam
A maioria dos postos de gasolina não tem gerador e não consegue operar
Caixas eletrônicos e máquinas de cartão não funcionam, então as pessoas não conseguem fazer compras
Albuquerque explicou que a investigação será iniciada pelo Operador Nacional do Sistema (ONS) com prazo inicial de 30 dias.
"O ONS cumprindo protocolo abriu investigação para ser apresentada para a Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel) a quem caberá a análise final e encaminhar ao Ministério de Minas e Energia e também para o Comitê de Monitoramento do Setor Elétrico", declarou o ministro.
Até às 21h30, a energia não foi restabelecida totalmente no estado. Com exceção dos municípios de Oiapoque, Laranjal do Jari e Vitória do Jari, que são alimentados por sistemas isolados, há fornecimento em hospitais, órgãos de serviços essenciais e de segurança pública na capital Macapá e em Santana, na região metropolitana. Casas e estabelecimentos comerciais no entorno registram também o serviço.
Juntas, as três cidades não afetadas pelo apagão têm cerca de 96 mil habitantes, o que equivale a 11% da população do Amapá, estimada em 861 mil pessoas pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Ou seja, mais de 750 mil habitantes do estado seguem sem eletricidade. Apenas a capital Macapá concentra 512 mil habitantes, cerca de 59% do total de amapaenses. Na noite desta quinta-feira, o prefeito Clécio Luis (sem partido) decretou estado de calamidade pública.
A falha no serviço vem afetando o funcionamento das redes de telefonia fixa, móvel e de internet, que funcionam de maneira limitada. Hospitais passaram a depender de geradores. Macapaenses vem ocupando shoppings e aeroporto em busca de energia.
Planos para retomada da eletricidade
Durante a manhã, o gabinete de crise montado para apontar soluções para o problema informou que os três transformadores da subestação que pegou fogo ficaram comprometidos e que não houve a possibilidade de remanejamento, substituição ou reaproveitamento de peças, o que impossibilitou o reparo das máquinas e inviabilizou religamento da estação.
O único que ficou com capacidade de reparo emergencial já estava em manutenção antes mesmo do incêndio. Segundo o ministro, o trabalho no equipamento iniciou no fim de 2019 e era de responsabilidade da empresa que opera na subestação.
O gabinete de crise do governo federal anunciou que mais uma máquina que faz a testagem e a filtragem do óleo deve chegar de Belém, no Pará, para auxiliar o funcionamento das máquinas.
Bento Albuquerque, ministro de Minas e Energia, declarou que quase 70% da energia do Amapá pode ser restabelecida — Foto: Caio Coutinho/G1
Albuquerque completou a proposta de recuperação da máquina pode levar até 48h. Os outros dois planos consistem em mobilizar a logística de dois transformadores, de quase 100 toneladas cada, um do município de Laranjal do Jari, e outro de Boa Vista, capital de Roraima.
O gerador mais próximo, situado no estado, deve demorar cerca de 15 dias para funcionar na subestação atingida pelo incêndio, pois além do peso durante a logística, que deve ser via fluvial, ainda há o desmonte e montagem de peças, bem como o transporte de 30 mil litros de óleo para cada máquina.
O mesmo processo funciona para o transformador de Roraima, que deve demorar aproximadamente 30 dias para estar instalado, pois ainda passa por Manaus, no Amazonas, antes de chegar ao Amapá. Ele deve servir como um reforço complementar ao primeiro transformador.
O terceiro plano consiste na compra de geradores de energia, originais do Amazonas, para suprir eventuais necessidades durante a recuperação da eletricidade no estado.