Maior parte das prefeituras, no entanto, decidiu pela abertura dos espaços para visitas no feriado tradicional, mas com adoção de medidas de segurança em meio à pandemia da Covid-19
Embora seja feriado de tradição nacional, o Dia de Finados, na próxima segunda-feira (2), será diferente em várias partes do País. Isso porque, diante da pandemia da Covid-19 algumas autoridades vão adotar protocolos de segurança para permitir o acesso dos visitantes aos cemitérios e as homenagens aos entes queridos que morreram. Outras, no entanto, decidiram pelo fechamento dos espaços, devido ao temor quanto à propagação do novo coronavírus. É o caso de Manaus, capital do Amazonas, onde as autoridades decidiram pela não abertura dos cemitérios para visitação. Já em São Paulo, o governo do estado anunciou que os cemitérios vão poder abrir normalmente, mas que a decisão final cabe à cada prefeitura. Na capital paulista, em Guarulhos e em Osasco, algumas das cidades que decidiram pela abertura, as medidas comuns são o uso obrigatório de máscaras e o distanciamento social. Segundo Jeconias Rozendo Júnior, coordenador de Articulação Política da Frente Nacional de Prefeitos (FNP), além das medidas divulgadas constantemente pelas autoridades, há outras ações que podem ser observadas para aperfeiçoamento do protocolo de segurança nos locais em que os cemitérios vão funcionar no feriado. “A FNP sugere outros parâmetros, como a flexibilização do horário de funcionamento dos cemitérios, a fim de evitar aglomerações, implementação de mecanismos de controle de acesso e saída de público, aferição de temperatura, intensificação da limpeza e desinfecção dos locais de uso comum e a disponibilização de álcool em gel”, cita.
Fechado
Em Patos de Minas, o Comitê Municipal de Enfrentamento à Covid-19 decidiu pela não abertura dos cemitérios do município, incluindo os privados e as unidades que ficam na zona rural. A proibição foi justificada pelo “ainda preocupante quadro epidemiológico da cidade”, que tem cerca de 153 mil moradores, de acordo com o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). Segundo o painel de informações da prefeitura, até a última quarta-feira (28), a cidade registrava 2.803 casos e 78 óbitos pela Covid-19. Parte da população questionou a determinação, uma vez que outros locais com possibilidade de causar aglomeração estão abertos. É o que pensa Renata Almeida, moradora do município, que fica na região do Alto Parnaíba. “Achei a decisão um pouco incoerente, até porque bares e restaurantes estão abertos e há aglomerações nesses locais. Se pode um lugar, porque que o outro não pode?”, indaga. Já o advogado Itamar Fernandes acredita que a decisão do comitê é correta. Apesar de tradicionalmente visitar os entes na data, ele afirma que vai deixar isso para outro momento. “Claro que são valores que podem entrar em conflito com relação a respeitar o direito das pessoas visitarem os entes queridos, mas acho que o momento é de precaução. Nós precisamos preservar a saúde e evitar a disseminação do coronavírus”, opina.
O comitê explicou que as comparações entre outros ambientes que já estão com o funcionamento flexibilizado e os cemitérios não é correta. As autoridades citam o fluxo 2019, quando cerca de 10 mil pessoas passaram pelo local. “É um espaço amplo, onde seria muito complicado controlar o fluxo interno e externo, o tempo de permanência das pessoas, de forma a possibilitar a visitação de todos que aguardam do lado de fora, e garantir que todos procedessem à higienização correta das mãos”, esclareceu em publicação. Além de Manaus, outra capital do Norte do país não vai permitir a abertura dos cemitérios no Dia de Finados. Trata-se de Macapá. Em um novo decreto publicado nesta semana, a prefeitura retroagiu em algumas flexibilizações e endureceu as normas para tentar frear o aumento de casos e internações pela Covid-19.
Programação virtual e protocolo
A exemplo do que ocorre em muitos municípios pelo país, Rio Claro, que fica no interior de São Paulo, não vai ter a tradicional programação religiosa de Finados. Cultos, missas e outras homenagens aos falecidos foram suspensas por causa do novo coronavírus. No entanto, o cemitério municipal vai funcionar das 7h às 18h. O uso de máscaras é obrigatório e vai haver álcool em gel em todos os portões acesso para os visitantes.
Já em Fortaleza, as cerimônias vão migrar dos cemitérios para as paróquias católicas. Algumas igrejas também vão transmitir as missas por meio das redes sociais. O objetivo é evitar aglomerações. Mais ao sul do país, em Porto Alegre, os eventos de grande porte estão descartados. No entanto, os cemitérios abrem, em geral, das 8h às 18h, seguindo os protocolos definidos pelas autoridades de saúde locais.
No Distrito Federal, a administração da empresa Campo da Esperança, que administra os seis cemitérios da capital, recomendou que as famílias prestem homenagens aos parentes de casa. Apesar disso, os locais vão estar abertos à visitação, com reforço de algumas medidas, como o uso obrigatório de máscaras, a proibição de vendedores ambulantes no interior das unidades e a limpeza dos banheiros com maior frequência, por exemplo.
Por causa do dia, o Departamento de Trânsito do DF vai realizar uma série de intervenções no trânsito nas proximidades de cemitério de Taguatinga e apoiar o DER-DF na organização do fluxo de veículos e pedestres no acesso ao cemitério do Gama. Nas demais unidades da capital, o trânsito será de responsabilidade da Polícia Militar de cada região.
Homenagens virtuais
Uma parceria da Associação Cemitérios e Crematórios do Brasil (Acembra) com o Sindicato dos Cemitérios e Crematórios Particulares do Brasil (SIncep) criou a campanha “Para Sempre Em Nossos Corações”. Para que as pessoas possam homenagear os entes queridos, a iniciativa sugere um painel virtual de tributos. A ideia é que cada empreendimento crie um perfil no Instagram e compartilhe as fotos e mensagens que os clientes vão mandar para a formação de um grande painel no dia 2 de novembro.