Mesmo com derrotas e frustrações como na pré-Libertadores, na Florida Cup, no Paulista e, agora, no Brasileiro, Tiago Nunes não pedirá demissão
Andrés Sanchez estava animado.
Acompanhou o lançamento oficial de Duílio Monteiro Alves, à presidência do Corinthians, na terça-feira.
Duílio é o candidato oficial de Andrés para sucedê-lo.
E ambos combinaram que dariam todo o apoio para Tiago Nunes seguir no Corinthians, mesmo com a campanha fraca no Brasileiro e, a incrível dificuldade, em montar conseguir montar um time.
Os dois comparam, entre eles, e como dirigentes, conselheiros, a situação de Tiago Nunes e a de Tite, massacrado pela eliminação na pré-Libertadores. E que depois se tornou campeão mundial pelo Corinthians.
Sob o comando do treinador gaúcho, o clube já foi eliminado da Pré-Libertadores, para o Guarany do Paraguai. Perdeu a Florida Cup e o Paulista para o maior rival, o Palmeiras, em 2020.
Andrés foi quem decidiu tirar Tiago Nunes do Athletico Paranaense, onde era tratado como um rei. O presidente corintiano imaginou em 2019, que ele conseguiria fazer o Corinthians vibrante, guerreiro, ousado, como era o time de Curitiba.
Só que encontrando jogadores mais importantes e um clube com muito mais holofotes, o treinador se perdeu. Segue incoerente. Muitas vezes querendo mais agradar Andrés do que ser fiel ao seu conceito de jogo.
Duílio cometeu um erro infantil.
Deixou claro que, se eleito, seguirá com Tiago Nunes.
"A gente tem certeza que ele colherá frutos positivos no Corinthians, 'lá na frente'."
Apoiadores de Duílio acreditam que ficar ao lado do atual treinador corintiano é perder votos na eleição.
Até porque, a pressão pela demissão do técnico, que faz um fraco trabalho cresce de forma impressionante.
A derrota de ontem para o Palmeiras, frustrou conselheiros, torcedores e até membros da Hypera Pharma, que bancará R$ 300 milhões para batizar o estádio corintiano por 20 anos.
Era o primeiro clássico na Neo Química Arena.
Para corrigir o erro de Andrés e Duílio, que bancaram a permanência do treinador, o único caminho seria a demissão pedida por Tiago.
Mas isso não irá acontecer.
"Eu sou um profissional que não tenho por hábito desistir. Estou me esforçando ao máximo para conquistar a confiança de todos. Confio no que a direção falou (sobre não trocar de técnico). Mas não quer dizer que não possa existir uma mudança. Temos que focar no próximo jogo.
"Vou olhar para as soluções caseiras para encontrar melhora comportamental para representar a camisa do Corinthians", discursou, depois de uma demora de quase duas horas para sua tradicional coletiva.
A derrota de ontem para o Palmeiras, por 2 a 0, mexeu demais com o lado psicológico de Tiago.
Eles sentindo demais a pressão para que ele saia do Corinthians.
Seguindo pela incoerência, desde que chegou ao Parque São Jorge, ele disse sentir falta da torcida corintiana no estádio.
Como se, com os torcedores, milagrosamente, o seu time ganharia um desenho tático. Teria padrão de jogo.
Além disso, nas redes sociais, por torcedores comuns, e na porta do estádio, por membros de organizadas, após o jogo de ontem, o nome do treinador era precedido de palavrões.
A rejeição ao seu trabalho pela torcida corintiana é algo impressionante.
Ele mesmo fez a avaliação do que fez desde que chegou ao Corinthians.
"É ruim. Não é o que a gente gostaria. Sabemos também que hoje o Corinthians, a exemplo de outras equipes que tem na sua torcida um ponto muito forte, não temos esse apoio.
"Temos sofrido muito em questões comportamentais, erros em tomar decisão, às vezes até um erro básico de correr no tempo certo, de acreditar mais. Coisas que estão deixando o adversário confortável aqui dentro.
"Temos que buscar pontos fora para compensar esse nivelamento técnico pela falta da torcida."
Andrés e Duílio estão encurralados.
O presidente garantiu que não demite Tiago.
O candidato o quer usar como cabo eleitoral.
Mas os resultados são fracos demais.
E a oposição está tirando proveito das derrotas.
O contrato de Tiago Nunes vai até o final do ano.
Com a possibilidade de ficar até 2022.
Ele não pedirá demissão, de jeito algum.
A situação é mais do que complicada...