Com cerca de 30 anos de experiência na entidade, Rieli Franciscato foi morto nesta quarta-feira (9) ao tentar pacificar contato com um grupo de indígenas isolados em região de Seringueiras
Com cerca de 30 anos de experiência na Fundação Nacional do Índio – FUNAI, Rieli Franciscato foi morto nesta quarta-feira (9) ao tentar pacificar contato com um grupo de indígenas isolados em região de Seringueiras.
Durante todo o dia circularam nas redes sociais vídeos gravados por moradores da zona rual do município que viram primeiro o grupo de indígenas na linha 06.
É possível ouvir alguém gritar: “Fora, cambada de vagabundos!”.
É a segunda vez este ano em que o povo isolado é visto na região.
Rieli tinha outros compromissos, mas largou tudo para se deslocar até o local onde os indígenas foram vistos para acompanhar o contato e evitar conflito e algum tipo de violência.
Ele era especialista no trabalho de localização e aproximação com povos isolados como os do Cautário, conhecidos como Yvyraparakuara.
Um policial que socorreu Rieli, contou que ele foi flechado quando subiu num morro para procurar os indígenas na mata.
“A gente só escutou o barulho da flecha. Pegou no peito dele. Ele deu um grito, arrancou a flecha e saiu correndo por uns 50 metros e caiu morto. A gente carregou ele até a viatura, mas já chegou sem vida no hospital”.
A morte causou comoção e preocupação com as contantes aproximações de indígenas isolados em região marcada por invasões em suas terras.
“Foi uma tragédia! Essa região tem território indígena Uru Eu Wau Wau constantemente invadido. Os indígenas reagiram assim pelos ataques que vêm sofrendo. Rieli era um amigo, mas por serem isolados, os indígenas não souberam distingui-lo dos inimigos”, diz Ivaneide Bandeira da Associação de Defesa Etnoambiental Kanindé.