O cenário político dos Estados Unidos claramente mudou a favor de Joe Biden, desde que ele emergiu como provável candidato do Partido Democrata em março, justo no momento em que a emergência de saúde pública estava se acentuando no país.
Dada à contínua disseminação do novo coronavírus, a persistente devastação econômica que milhões de norte-americanos estão enfrentando e a falta de habilidade do presidente Donald Trump em tomar o controle da crise (na visão da maioria da população), provavelmente não é surpresa que as chances de ele se reeleger levaram um golpe substancial.
Talvez a consequência mais surpreendente é que nada que Trump e sua equipe de campanha tentaram fazer nos últimos dois meses para reverter a crise econômica parece estar funcionando. E eles com certeza tentaram.
Do lançamento de uma mensagem de lei e ordem frente a protestos mais pacíficos por justiça racial, à decisão de Trump de rebaixar seu chefe de campanha, passando por uma curta tentativa de fazer com que o presidente se retratasse como um líder no comando da resposta à Covid-19, a corrida pela Casa Branca segue a favor de Biden.
Apoio de Trump evaporou
Apesar do clichê – que os três meses até o dia da votação são uma eternidade na política norte-americana – e da quase certeza que a corrida será apertada, também é verdade que os norte-americanos estão apenas a seis semanas do começo do pleito, e as características que definem esta corrida presidencial agora são a falta de liderança de Trump em administrar a pandemia do novo coronavírus e a incapacidade dele em convencer parte suficiente da população de que Biden é uma alternativa inaceitável.
Qualquer pequeno sinal de uma possível reeleição de Trump que existia no começo deste ano evaporou por completo. O caminho do presidente para obter os 270 votos está mais difícil do que jamais esteve. Por sua vez, o ex-vice-presidente Biden reúne apoio em alguns estados tradicionalmente democratas, mas também está expandindo o mapa da disputa para um terreno considerado mais republicano, abrindo múltiplos caminhos para a vitória.
Com base nas pesquisas eleitorais – nas quais as campanhas fazem suas apostas estratégicas com milhões de dólares em publicidade, os candidatos e os delegados gastam tempo (pessoal ou virtualmente) conversando com conselheiros de campanha de Trump e de Biden, funcionários públicos republicanos e democratas, membros do Congresso e profissionais políticos envolvidos com grupos de fora –, as perspectivas atuais do colégio eleitoral refletem o movimento substancial na direção de Biden.
Desde a última projeção, cinco estados (e um distrito congressional) mudaram o posicionamento para o lado democrata. Michigan e Pensilvânia, dois estados onde Trump venceu em 2016, estão se inclinando para os democratas, dando a Biden mais 36 votos.
Virgínia também está solidificando sua base democrata. Além disso, Geórgia, Ohio e o 2º Distrito Congressional do Maine se mostraram a favor de Trump na última análise, mas hoje se movem para o outro lado, reduzindo as chances de votos do magnata para 35.
Projeções
Nas novas projeções, Trump começa com uma base sólida de 125 votos em 20 estados que provavelmente não vão mudar de lado até as eleições. Quando se combina isso com mais 45 votos que estão indo nessa direção, o republicano fica com um total de 170 votos – a 100 da reeleição.
A busca de Biden pela Casa Branca começa com uma sólida base de 203 votos em 16 estados e no Distrito de Colúmbia. Isso somado aos 65 votos que seguem nessa direção, leva a um total de 268 – apenas 2 da presidência.
Com isso, somente seis estados e um distrito congressional reúnem um total de 100 votos que provavelmente se provarão decisivos: Arizona, Flórida, Geórgia, 2º Distrito Congressional do Maine, Carolina do Norte, Ohio e Wisconsin.
Estados com sólida base republicana: Alabama (9), Alasca (3), Arkansas (6), Idaho (4), Indiana (11), Kansas (6), Kentucky (8), Louisiana (8), Mississippi (6), Missouri (10), Montana (3), Nebraska (4), Carolina do Norte (3), Oklahoma (7), Carolina do Sul (9), Dakota do Sul (3), Tennessee (11), Utah (6), Virgínia Ocidental (5) e Wyoming (3) – 125 total
Estados com inclinação republicana: Iowa (6), 2º Distrito Congressional de Nebraska (1) e Texas (38) – 45 total
Estados em disputa: Arizona (11), Flórida (29), Geórgia (16), 2º Distrito Congressional do Maine (1), Carolina do Norte (15), Ohio (18) e Wisconsin (10) – 100 total
Estados com inclinação democrata: Colorado (9), Michigan (16), Minnesota (10), New Hampshire (4), Nevada (6) e Pensilvânia (20) – 65 total
Estados com sólida base democrata: Califórnia (55), Connecticut (7), Delaware (3), Washington DC (3), Havaí (4), Illinois (20), Maine (3), Maryland (10), Massachusetts (11), New Jersey (14), New Mexico (5), Nova York (29), Oregon (7), Rhode Island (4), Vermont (3), Virgínia (13) e Washington (12) – 203 total