Dono de 40 títulos, foi contratado a peso de ouro para fazer o São Paulo campeão. Prometeu. Mas tem sido uma frustração. Como contra o Mirassol
"Daniel Alves, maior salário do Brasil.
"Dava pra comprar a cidade de Mirassol.
"Muita balada Good Crazy.
"Veio pra quebrar o SPFC ou ser campeão?"
A revolta da Torcida Independente com Daniel Alves foi muito mais além do que essa citação nas suas redes sociais, após a eliminação de ontem, do Campeonato Paulista, pelo humilde Mirassol.
Ele foi o jogador mais xingado pelo grupo de torcedores que esperou o time deixar o Morumbi, ontem à noite. E foi até o CT da Barra Funda.
A Polícia Militar teve de dispersar o grupo.
Acabou o encanto.
O jogador de 37 anos disse que voltou ao Brasil, jogar no time que ama, para trazer os 'ensinamentos dos grandes times que atuou na Europa, principalmente o Barcelona. Iria 'modernizar' o São Paulo.
"Acredito que posso trazer esse aprendizado de muitos anos fora, várias ideologias de treinamento e clubes. O futebol moderno joga com extremos."
"Eu sempre digo aos companheiros que o lateral é o amigo de todas as posições. Nós temos de contribuir com os meias, com os defensores, com os atacantes. Temos de entender a demanda dos companheiros", dizia.
"Estamos contratando o melhor lateral do mundo", comemorava Raí.
Só que tudo já começou errado.
A primeira exigência de Daniel Alves foi não jogar como lateral no São Paulo. Só na Seleção Brasileira. No clube, seria um meio-campo, armador, sem necessidade de marcar.
Além disso, indicava o veterano lateral espanhol Juanfran para jogar na posição que seria sua.
O técnico Cuca achou o pedido uma 'aberração'. Ousou enfrentá-lo, escalá-lo na lateral. Mediu forças. A diretoria ficou ao lado de Daniel Alves. O treinador foi demitido.
Daniel Alves, camisa 10, meio-campo, e capitão do time, indicou Fernando Diniz como treinador. "É o melhor, o mais moderno, o de conceitos europeus no Brasil", garantiu o jogador.
Como primeira medida, Diniz efetivou Daniel Alves como meio-campista, como ele queria, Juanfran foi para a lateral direita e ponto final.
A assessoria de imprensa de Daniel Alves se apressou em divulgar que ele é o jogador com mais títulos na história do futebol mundial.
Nada menos do que 40.
Sensacional perspectiva para o São Paulo, clube em jejum desde 2012.
"Vim para ser campeão pelo meu time de coração", prometeu.
No Brasileiro, o São Paulo, a duras penas, conseguiu ser apenas o sexto colocado.
Ontem era o seu primeiro jogo eliminatório com a camisa tricolor.
No Paulista, o vexame histórico de ontem, eliminado pelo humilde Mirassol, que havia dispensado 18 jogadores, por conta do final de contrato. Oito titulares. O Paulista teve de esperar quatro meses para voltar, pela pandemia do coronavírus.
E Daniel Alves foi um dos piores em campo. Praticamente só cobrou faltas para a área do time interiorano e corria para o banco, para falar com Fernando Diniz.
Atuação lastimável.
Como meio-campo, suas atuações são medíocres. Jamais teria sucesso na Seleção ou no futebol internacional como volante, que não marca, e meia que não arma.
E, ainda pior: força a escalação de Juanfran na lateral direita, jogador limitadíssimo.
Daniel Alves tem o maior salário do futebol brasileiro, R$ 1,5 milhão a cada 30 dias. Tem contrato de três anos. E bônus, prêmio especial, em caso de conquistas.
A diretoria do São Paulo tinha certeza que haveria filas de empresas querendo pagar o salário do jogador. Pelo direito de usar sua imagem em propagandas.
Não surgiu nenhuma.
O clube acumula dívidas de mais de R$ 300 milhões. Não só reduziu, como atrasou salários em 2020.
Mas mantém o veterano mais bem pago da história do futebol brasileiro.
A venda de suas camisas 10 também é um fracasso.
Ele não se tornou o ídolo que a diretoria esperava.
Na derrota de ontem, sua alegada personalidade forte não veio à tona.
Não falou uma palavra, não deu entrevista.
Não se manifestou até agora, início da manhã seguinte à eliminação.
E ele é o capitão, se posiciona como o líder do time...
Nas vitórias, ele sempre foi rapidíssimo em postar.
Sua última postagem no Instagram: "Dias de luta dias de glória, é assim que se resumem as boas histórias!!!
Antes do jogo contra o Mirassol. Depois, nenhuma palavra.
Durante a pandemia, ele participou de inúmeras lives.
Deixou claro que seu sonho é virar cantor, após o futebol.
Em uma delas, com o jornalista Alê Oliveira, ele teve de escolher o melhor treinador, entre Guardiola, Tite e Fernando Diniz.
"Escolheu Fernando Diniz."
E também o melhor jogador do Brasil.
Não titubeou na resposta.
"Eu!"
Pois o 'melhor jogador do Brasil', o mais caro deste país, também se tornou a maior decepção.
Eliminado pelo Mirassol.
E calado.
Esse é o grande líder que o São Paulo contratou.
Egocêntrico, pode até não suportar a cobrança.
E ir embora do Morumbi.
Depois de um ano de fracassos...