Atuação de defensor foi questionada desde que Fabrício Queiroz foi preso em seu imóvel. Advogado pode sofrer advertência, suspensão e até exclusão
O Tribunal de Ética e Disciplina da OAB de São Paulo abriu um processo administrativo contra o ex-advogado da família Bolsonaro, Frederick Wassef. O advogado viu sua conduta ser questionada desde que Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), foi preso na última quinta-feira, na casa onde estava registrado o seu escritório de advocacia, em Atibaia, no interior de São Paulo.
Após o episódio, parlamentares e até o Ministério Público de Contas, sediado em Brasília, pediram a OAB para apurar o caso por suspeitas de obstrução de justiça, possível infração ética e por supostamente ter ocultado informações sobre o paradeiro de Queiroz. Em entrevista à Globonews, Wassef chegou a dizer que desconhecia o paradeiro de Queiroz e que nem sequer o conhecia.
Queiroz e Flávio Bolsonaro são investigados sob suspeita de manterem um esquema de ‘rachadinha’ – prática ilegal de recolhimento e devolução de parte dos salários de funcionários – na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
Ao GLOBO, o presidente do Tribunal de Ética e Disciplina, Carlos Kaufman, disse que os processos correm sob sigilo no órgão e, por isso, não poderia comentar o caso concreto. Indagado se foi aberto procedimento para apurar a conduta de Wassef, Kaufman deu a seguinte resposta:
“Toda infração ética ou disciplinar que chega ao conhecimento do Tribunal de Ética e Disciplina é apurada”, afirmou.
De acordo com o estatuto da advocacia, em caso de condenação, o advogado pode sofrer advertência, censura, suspensão e exclusão. Os casos de exclusão precisam ser referendados pelo conselho da OAB.
Troca de mensagens de celular que constam na ordem de prisão de Queiroz feita pela Justiça do Rio apontam que, enquanto estava em Atibaia, Queiroz seguia orientações de “anjo”, codinome atribuído a Wassef. O advogado contesta.
Wassef deixou a defesa de Flávio no domingo. Em entrevista ao SBT, ele chegou a alegar questão humanitária para ter abrigado Queiroz em seu imóvel em Atibaia.
Procurado, Wassef não retornou os contatos da reportagem.