Márcia Oliveira de Aguiar é considerada foragida da Justiça, e suspeita é que ela tenha usado imóvel para se esconder. Inquérito das rachadinhas apura suspeita de repasse de salários de funcionários da Alerj para o senador à época em que ele era deputado estadual.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) e o Batalhão de Choque da Polícia Militar (PM) iniciaram, na manhã desta terça-feira (23) em Belo Horizonte, uma operação na casa da madrinha de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, em busca da mulher dele, Márcia Oliveira Aguiar, que está foragida.
A operação, feita em parceria com o Ministério Público do Rio de Janeiro, ocorre no bairro São Bernardo, na Região Norte de Belo Horizonte.
Queiroz foi preso no começo da manhã de quinta-feira (18) em Atibaia, no interior de São Paulo. No mesmo dia, foi decretada a prisão da mulher dele, que não se apresentou à polícia e não foi encontrada.
Os mandados desta terça são de busca e apreensão, mas Márcia pode ser presa caso seja encontrada, por causa da ordem de prisão expedida da quinta. Ao todo, os mandados foram cumpridos em quatro endereços.
Casa da madrinha de Queiroz
Uma das casas alvo da operação em Belo Horizonte pertence à madrinha de Queiroz, dona Penha, que morreu neste mês. Agora, vivem no local primas e sobrinha do ex-assessor de Flávio Bolsonaro.
A suspeita é que a mulher de Queiroz tenha ido para essa casa. Uma das primas, Kassia, é bem próxima de Márcia e de Queiroz. No início da manhã, promotores conversavam com parentes de Queiroz na casa.
O MP já havia identificado a vontade que Márcia tinha de se esconder caso tivesse prisão decretada. As mensagens trocadas entre Márcia Oliveira e Queiroz que a Promotoria identificou em novembro do ano passado apontavam, no entanto, que a mulher gostaria de ir para São Paulo caso tivesse a prisão decretada.
Rachadinha e prisão de Queiroz
O senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ), filho do presidente Jair Bolsonaro, é apontado pelo Ministério Público do Rio de Janeiro como chefe de uma organização criminosa que atuou em seu gabinete no período em que foi deputado da Assembleia Legislativa do estado (Alerj). Entre 2003 e 2018, ele cumpriu quatro mandatos parlamentares consecutivos.
As investigações apontam para um esquema conhecido como "rachadinha", em que parte do salário de funcionários do então deputado era devolvido, e o dinheiro era lavado por meio de uma loja de chocolates e aplicado em imóveis.
Ao autorizar a prisão do ex-assessor de Flávio Bolsonaro no último dia 18, o juiz Flávio Itabaiana, da 27ª Vara Criminal, apontou repasses de ex-assessores para conta de Queiroz no valor de R$ 2.039.656,52 e saques na conta do investigado que totalizam quase R$ 3 milhões.
Queiroz foi encontrado pela polícia dentro da casa do advogado Frederick Wassef, que fez a defesa da família Bolsonaro em alguns casos. Wassef foi, inclusive, responsável pela defesa de Flávio no caso da rachadinha. Após a prisão de Queiroz, Flávio Bolsonaro afirmou que Wassef não faz mais sua defesa.