Empresário afirma que o senador Flávio Bolsonaro soube antecipadamente de operação que envolveria funcionário do seu gabinete
O empresário Paulo Marinho prestará novo depoimento na tarde desta quinta-feira (21), desta vez, na sede do Ministério Público Federal no Rio de Janeiro. Na tarde de quarta (20), o suplente do senador Flávio Bolsonaro (Republicanos-RJ) passou cinco horas na sede da superintendência da Polícia Federal, onde o MPF também estava representado.
À PF, Marinho levou papéis que podem ser considerados provas de que as acusações que fez contra Flávio são verdadeiras. Ao sair da superintendência, contudo, ele alegou que não poderia dar detalhes do que foi dito aos investigadores, já que o processo é sigiloso. No Twitter, ele afirmou que o conteúdo do que apresentou dialoga com o que o ex-ministro Sergio Moro disse ao sair do governo de Jair Bolsonaro.
"Sobre o meu depoimento na PF: por mais de cinco horas, trouxe detalhados elementos que vão auxiliar a investigação, indo ao encontro do que o Sergio Moro trouxe à tona. Por ordem da autoridade policial, não posso revelar o teor do meu testemunho" publicou o empresário, que foi um dos principais aliados de Bolsonaro na campanha de 2018.
Em entrevista à "Folha de S.Paulo" publicada no último domingo, Marinho afirmou que um delegado teria se encontrado na porta da superintendência da PF - a mesma em que foi depor hoje - com interlocutores do então deputado estadual e hoje senador para informar que a operação Furna da Onça seria atrasada, a fim de não prejudicar a família Bolsonaro em meio ao período eleitoral de 2018.
A operação foi às ruas no dia 8 de novembro e cumpriu 19 mandados de prisão temporária, três de prisão preventiva e 47 de busca e apreensão, expedidos pelo TRF-2 (Tribunal Regional Federal da 2ª Região) e tendo como foco deputados da Assembleia Legislativa do Rio.
Flávio não era alvo, mas relatórios de inteligência financeira produzidos pelo antigo Coaf já apontavam desde janeiro daquele ano movimentações suspeitas nas contas de Fabrício Queiroz, seu suposto operador financeiro no esquema de "rachadinha". Os relatórios tinham como escopo deputados e assessores da Alerj, e o caso específico de Flávio foi revelado pelo Estadão no início de dezembro, quando o procedimento investigativo já havia sido aberto pelo Ministério Público do Rio.
Segundo Marinho, os advogados Miguel Braga Grillo e Victor Granado Alves, que têm longo histórico de relação com a família Bolsonaro em gabinetes e processos judiciais, compareceram à sede da PF junto com outra interlocutora, Val Meliga, para ouvir o que o delegado tinha a dizer.