PGR pede para PF ouvir Paulo Marinho em inquérito sobre Bolsonaro. Empresário disse à 'Folha' que Flávio Bolsonaro foi avisado de operação que deixaria em evidência Fabrício Queiroz.
A Polícia Federal vai abrir nova investigação para apurar o vazamento de uma operação no Rio de Janeiro. Em uma reportagem deste domingo do jornal Folha de S. Paulo, um empresário que apoiou a campanha de Jair Bolsonaro afirma que o filho do presidente, Flávio, foi avisado por um delegado da PF sobre a operação que deixaria em evidência o ex-assessor dele, Fabrício Queiroz.
O empresário Paulo Marinho se aproximou de Flávio durante a campanha eleitoral de 2018. Ele foi um dos apoiadores mais importantes de Jair Bolsonaro na disputa à presidência. A casa do empresário, no Jardim Botânico, na Zona Sul do Rio, foi usada para reuniões e gravações de campanha. Paulo Marinho disse que foi no local, em dezembro daquele ano, com Jair Bolsonaro já eleito, que Flávio contou que foi avisado por um delegado da Polícia Federal de uma operação que deixaria em evidência o ex-assessor dele na Assembleia Legislativa, Fabrício Queiroz.
A revelação foi feita numa entrevista a Mônica Bergamo, no jornal Folha de S. Paulo, neste domingo (17).
No começo da noite, a Polícia Federal informou que todas as denúncias de desvio de conduta na corporação devem ser apuradas. E que, diante do relato do empresário, já determinou a abertura de uma nova investigação sobre o suposto vazamento a Flávio Bolsonaro.
Flávio Bolsonaro disse que Paulo Marinho tem interesse em prejudicá-lo por ser seu suplente no Senado. E questionou Paulo por ter feito a denúncia quase dois anos depois. Disse ainda que as histórias não passam de invenção de alguém desesperado e sem votos. O Palácio do Planalto disse que a denúncia não é verdadeira e que apoia Flávio Bolsonaro.
Os advogados citados na reportagem não foram encontrados para comentar o assunto. O Ministério Público Federal informou que vai levar o caso para o grupo de controle externo de atividade policial da Procuradoria da República no Rio.
O desembargador Abel Gomes afirmou que a Operação Furna da Onça não foi adiada, mas deflagrada no momento em que se concluiu mais oportuno, de acordo com entendimento conjunto entre Ministério Público Federal, a Polícia Federal e o Poder Judiciário. Segundo o desembargador, a operação não poderia ser feita em período eleitoral para não dar a ideia de uso político. Abel Gomes disse ainda que denúncia de Paulo Marinho é grave e deve ser apurada com urgência.
Paulo Marinho pediu segurança pessoal ao governo do Rio. A Polícia Militar informou que vai garantir a proteção dele e da família.
Agora à noite, a Procuradoria-Geral da República pediu providências à Polícia Federal em relação às declarações de Paulo Marinho. A PGR pediu os depoimentos de Paulo Marinho e de Miguel Braga Grillo, além da cópia do inquérito da PF que apurou as informações relacionadas à Operação Furna da Onça. As ações serão feitas dentro da investigação sobre a suposta interferência do presidente Bolsonaro na PF.