Quase sem fonte de recursos por causa da pandemia solução foi negociar com ateltas, principalmente, os que recebem quantias milionárias
Com uma queda de receita estimada em R$ 1 bilhão em 2020 por causa da pandemia do novo coronavírus, segundo a empresa Sports Value, os clubes brasileiros, cuja maioria já estava sufocada financeiramente, se viram obrigados a reduzir salários dos jogadores para não entrarem em um colapso. Dos 20 clubes da Série A do Brasileirão, 17, terão jogadores, comissão técnica ou funcionários com a remuneração diminuída.
Até então, com um orçamento apertado, as agremiações utilizavam o dinheiro das cotas de televisionamento, patrocínio e sócio-torcedor/bilheteria para tentar arcar com os altos gastos. Sem essa fonte de recursos, em função do corte geral na economia, a solução para 85% dos clubes foi negociar com os jogadores, principalmente os que recebem quantias milionárias. Apenas Athletico Paranaense, Botafogo e Red Bull Bragantino não tomaram medidas semelhantes aos demais.
A margem da redução segue a proporção da perda, estimada em 25% no mínimo, em média. Assim, a diminuição da remuneração dos jogadores varia de 15% a 50%. Veja a situação de cada clube.
Athletico-PR
Com uma receita recorde de R$ 378, 7 milhões e um superávit de R$ 63,4 milhões em 2019, o clube ainda não tornou pública nenhuma intenção de reduzir salários.
Atlético-GO
Em março último, o clube teve de paralisar a reforma do seu estádio, Antônio Acioly. Tal qual o Botafogo, a entidade teve de interromper os planos de se tornar uma S.A. E reduziu os salários em cerca de 30% em média, após o retorno das férias.
Atlético-MG
O presidente do clube admitiu que teve de demitir funcionários e garante que busca limitar ao máximo essas dispensas. E desde o fim de março vinha adiantando que reduziria em até 25% os salários, de forma escalonada, para os que recebem a partir de R$ 5 mil, incluindo funcionários.
Bahia
O clube já vinha lutando para ampliar as receitas, que ficaram em R$ 179 milhões em 2019. Desde que voltou a série A, em 2017, após dois anos na Série B, o campeão brasileiro de 1988 luta para voltar a ficar na parte de cima da tabela. Com dificuldades, vem se mantendo na faixa intermediária e, com a pandemia, teve de cortar em 25% o salário dos jogadores, comissão técnica e diretoria, até que o futebol retome suas atividades.
Botafogo
O ex-presidente do Botafogo, Carlos Augusto Montenegro, tem dito que, por ter um orçamento mais baixo do que muitos rivais, além de vir operando sempre com dificuldades financeiras, o impacto da pandemia no clube será menor do que em agremiações com receitas bem maiores. O clube demitiu 40 funcionários, mas não reduziu salários até agora. A esperança é que, após o fim da pandemia, o Botafogo retome as negociações para se tornar empresa.
Bragantino
Com altos investimentos, que poderiam chegar até a R$ 200 milhões em 2020, o Bragantino chegou à Série A para llutar pelas primeira colocações. E, como tem o suporte da Red Bull, mesmo em meio à crise, tem conseguido manter o pagamento dos salários, sem redução. Os investimentos, no entanto, diminuirão, principalmente em relação às novas contratações.
Ceará
Um trabalho eficiente nas categorias de base tem ajudado o Ceará a se manter financeiramente. Com a venda de algumas revelações, como o meia Arthur, o clube aumentou receitas e, neste período de pandemia, fez uma negociação com os jogadores, reduzindo em 25% o salário no momento, mas repondo as perdas em pagamentos diluídos, que serão realizados assim que as atividades retornem.
Corinthians
A redução salarial no Corinthians acabou sendo inevitável, em função do péssimo desempenho das finanças. Em 2019, o clube, que já vinha acumulando prejuízos, atingiu um déficit de R$ 177 milhões, o maior de sua história. Assim, diminuiu em 25% o salário do elenco durante a paralisação, além de reduzir a remuneração do quadro de funcionários.
Coritiba
Um dos clubes que não publicaram o balanço de 2019, o que poderá acarretar em alguma punição, o Coritiba reduziu em 25% o salário de jogadores e comissão técnica e demitiu funcionários. A tendência é que essa contenção dure até o fim da pandemia, mas o clube não confirmou.
Flamengo
Mesmo sendo o clube com maior receita no Brasil, tendo chegado a R$ 939 em 2019, o Flamengo sofreu impacto com a pandemia e, primeiramente, optou por demitir 62 funcionários. Criticado por sua postura que muitos consideram desumana, nos últimos tempos, a entidade acabou reduzindo em 25% o salário dos jogadores, em maio e junho, do time principal que, no atual contexto, recebem remunerações muito altas.
Fluminense
O Fluminense tem uma dívida com jogadores e funcionários do mês de março da CLT. E a incluiu na negociação para reduzir os salários entre 15% e 25%, definindo que pagaria 65% de março e diluiria outros 20% nos próximos pagamentos, o que configura a redução de 15%. O clube não demitiu, mas tem de resolver as dívidas com estagiários, que ainda não receberam em 2020, e dos direitos de imagem dos atletas, atrasados desde o ano passado.
Fortaleza
Nos últimos cinco anos o Fortaleza aumentou muito suas receitas, subindo de algo em torno de R$ 10 milhões em 2014, para R$ 120,4 milhões em 2019. Os números, no entanto, ainda não são suficientes para um conforto financeiro e, com a pandemia, o clube definiu com o elenco uma redução salarial de 25% no mês de maio. No acordo salarial anterior com o elenco uma redução salarial de 25% no mês de maio. No acordo salarial anterior com o elenco, a redução de 25% em março e abril será diluída em pagamentos futuros.
Goiás
Segundo a imprensa goiana, a redução de salários no elenco do Goiás varia entre 25% e 50%, apesar de o clube não ter confirmado. As últimas administrações caminharam para um equilíbrio financeiro, com crescimento de 25% das receitas em 2019, prejudicado pela pandemia.
Grêmio
A redução de salários no Grêmio foi de 25%, com os quatro meses de direitos de imagens passando a ser pagos a partir de janeiro de 2021. A diretoria gremista acredita que terá prejuízo de R$ 25 milhões com a paralisação. A situação só não ficou pior porque o clube teve uma receita recorde de R$ 420 milhões em 2019.
Internacional
No Inter, as receitas de 2019 também foram altas, chegando a R$ 436 milhões. A redução por causa da pandemia foi de 30% dos vencimentos, segundo a imprensa local, apesar de a diretoria não confirmar valores. Em situação similar à do Grêmio, os direitos imagens que seriam pagos entre maio e julho, ficarão para serem acertados a partir de janeiro de 2021.
Palmeiras
Com uma receita de R$ 619 milhões em 2019, menor do que a do ano anterior, o Palmeiras já vinha contendo gastos, sem fazer contratações de peso neste ano. Com a pandemia, o clube, que busca não depender apenas dos cofres da Crefisa, reduziu em 25% o salários do elenco e comissão técnica.
Santos
Após ter feito uma boa campanha em 2019, com gastos menores do que a média dos outros grandes, o Santos entrou em 2020 dispoto a reduzir suas despesas, projetando uma receita de R$ 249 milhões, abaixo da do ano anterior. Com isso, foi natural uma redução de 30% dos salários do elenco e comissão técnica em decorrência do novo coronavírus.
São Paulo
A negociação no São Paulo foi tensa, com o clube praticamente impondo uma redução de 50% dos salários. O clube vinha se deparando com queda de receitas (R$ 398 milhões em 2019) e déficit, projetando obter pelo menos R$ 154 milhões em recursos com a venda dos direitos de jogadores.
Sport
A diretoria da agremiação optou por seguir a Medida Provisória 936, que admite a redução tanto da carga horária quanto dos salários para todos os trabalhadores. A folha salarial do clube é estimada em R$ 2 milhões por mês e a redução da remuneração começou a ser negociada apenas nesta semana.
Vasco
O clube carioca está com três meses de salários atrasados e deverá, na negociação com jogadores e funcionários, incluir uma redução nos meses de maio, junho e julho, para quitar as dívidas que têm se acumulado.