Ministro foi atropelado por plano de retomada econômica feito pelos generais
A saída de Sérgio Moro do governo de Jair Bolsonaro é um forte sinal que as coisas fugiram realmente ao controle do presidente, e o próximo a desembarcar da gestão é o economista Paulo Guedes, ministro da Economia.
Guedes não gostou nem um pouco de ter sido ignorado na questão do lançamento às pressas do programa PróBrasil, uma versão artesanal do Programa de Aceleração do Crescimento feito por Dilma Roussef quando era ministra de Lula.
Cerimonia de posse do presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), Gustavo Montezano. Montezano defendeu o alinhamento “total” da nova direção do banco com o governo federal, afirmou que a instituição buscará ajudar nos processos de desestatização, abrirá sua “caixa-preta” (promessa de campanha do presidente) e devolverá recursos ao Tesouro Nacional. Brasilia, 16-07-2019. Foto: Sérgio Lima/PODER 360
O plano apresentado pelos militares, e anunciado em uma série de slides improvisados, sem dados, números ou qualquer tipo de planejamento concreto, prevê uma série de obras públicas de infraestutura, com cronograma de 10 anos e investimentos da ordem de R$ 50 bilhões.
O programa vai contra tudo que Paulo Guedes defende desde o início da gestão Bolsonaro, e ele tem demonstrado irritação pelos entraves e derrotas que vem sofrendo. Com a pandemia criada pelo coronavírus, e o governo tendo que interferir diretamente com auxílios e programas sociais, aliados a fragilidade com a qual se encontram as empresas nacionais e a impossibilidade de entrada de capital externo, tendo em vista que a crise é global, Guedes não vai querer pagar a fatura sozinho.
Desde que os militares anunciaram o plano de recuperação, que Guedes encolheu. Bolsonaro tem preferido ouvir a caserna, que não sabe lidar com crises a não ser no grito, a escutar seus ministros que são técnicos. Pela forma como as coisas estão sendo conduzidas, as tensões ainda estão longe de acabar no campo político. Se Guedes realmente deixar o governo, a situação tende a piorar ainda mais para Bolsonaro, cuja eleição foi amparada nos planos liberais de Guedes.