Ex-ministro da Justiça acusou o presidente de querer interferir diretamente em inquéritos abertos pela Polícia Federal
A saída do agora ex-ministro Sérgio Moro do governo de Jair Bolsonaro abre caminho para o processo de impeachment de Jair Bolsonaro. Se até ontem se falava em “crimes de responsabilidade’, e os já conhecidos flertes presidenciais com atos antidemocráticos, dessa vez a coisa ficou realmente séria.
Sérgio Moro acusou diretamente o presidente de tentar intervir em investigações que estão em andamento, conduzidas pela Polícia Federal e implicam os filhos do presidente e até a primeira-dama Michele Bolsonaro, que, de acordo com denúncia do Ministério Público, recebeu em sua conta pessoal cheques de Fabrício Queiroz, referentes a uma suposta ‘rachadinha’ de salários de servidores do gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro (agora senador).
Também estão abertas investigações sobre a fábrica de fake news, que seria comandada pelo outro filho de Jair Bolsonaro, Carlos, segundo apontam investigações da Polícia Federal e da CPMI das Fakenews (que foi prorrogada por mais 180 dias). O assunto também envolve o deputado federal Eduardo Bolsonaro.
Moro disse que o presidente queria ter acesso a relatórios de inteligência, o que, segundo o ex-ministro, ‘é uma clara interferência política’ nos trabalhos da Polícia Federal. Moro chegou a afirmar que seu trabalho como juiz da Lava Jato, e as investigações só tiveram sucesso porque os governos anteriores (Lula e Dilma) garantiram a independência da Polícia Federal.
O PODEMOS, partido comandado por Álvaro Dias, um dos maiores entusiastas de Moro, divulgou nota acusando o presidente de “se afastar do combate à corrupção”.
“A saída do ministro Sergio Moro do governo, uma opção do Presidente da República, representa o afastamento do governo Bolsonaro do sentimento popular e do combate à corrupção. É a derrota da ética.”
O blog O Antagonista, um dos principais porta-voz de Moro, já pede a ‘renúncia ou impeachment’ de Bolsonaro.
O próximo ministro da Justiça não vai ter tranquilidade para ficar no cargo. Será visto com desconfiança. A permanência de Jair Bolsonaro no cargo, realmente está insustentável.;
Abaixo, a íntegra da nota do PODEMOS:
NOTA OFICIAL DO PODEMOS
O combate à corrupção está no coração e na alma das aspirações nacionais. A Justiça é uma necessidade humana incontornável e, na sociedade política, deve figurar sempre como prioridade.
Nesse campo, Sérgio Moro foi um verdadeiro titã e, pelos serviços prestados, já deixou marca inapagável na história institucional do país. O preço de uma sociedade mais justa é a luta permanente.
A saída do ministro Sergio Moro do governo, uma opção do Presidente da República, representa o afastamento do governo Bolsonaro do sentimento popular e do combate à corrupção. É a derrota da ética.
Estamos certos que Sérgio Moro continuará esse bom combate, agora em outra esfera. De nossa parte, esperamos e estaremos atentos para que as mudanças não coloquem em risco os avanços obtidos e que o Brasil seja um país mais igual e justo.
DEPUTADA FEDERAL RENATA ABREU Presidente Nacional do Podemos
SENADOR ALVARO DIAS Líder do Podemos no Senado Federal
DEPUTADO FEDERAL LÉO MORAES Líder do Podemos na Câmara dos Deputados