Ministério aponta custo de R$ 14,3 bilhões com ingresso de beneficiários no sistema de assistência voltada para pessoas de baixa renda
O TCU (Tribunal de Contas da União) deu prazo de 10 dias para o Ministério da Economia encaminhar um plano de ação para apresentar as medidas necessárias para a implantação da ampliação ao acesso ao benefício de assistência social voltado para idosos e pessoas com deficiência de baixa renda, o BPC.
Pela decisão, aprovada nesta por unanimidade pela Corte de Contas, a equipe do ministro da Economia, Paulo Guedes, terá que apontar as medidas compensatórias para implementar a ampliação do benefício aprovada pelo Congresso. Ou com aumento de receita ou corte de despesa.
O custo apresentado pela equipe econômica ao TCU oficialmente é de R$ 14,3 bilhões em decorrência da possibilidade de ingresso de novos beneficiários no programa.
A decisão de hoje do TCU, na prática, pressiona o governo a agilizar uma solução para o BPC nesse momento de crise com a epidemia do coronavírus.
Lideranças da Câmara estão próximas de um acordo para garantir a ampliação do BPC. Ainda que mais restrito que o votado pelo Congresso, o acordo facilita que a medida possa ser implementada o mais rápido possível para ajudar a população mais vulnerável nesse período de enfrentamento do novo coronavírus.
O presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), comunicou nesta quarta-feira, 18, ao TCU que lideranças da Casa estão buscando acordo para construir uma alternativa para a revisão do critério de acesso ao BPC.
Na última quarta, 11, parlamentares derrubaram veto do presidente Jair Bolsonaro e estendeu o BPC a pessoas com renda familiar de até R$ 522,50 por pessoa. Antes, era elegível a família com renda de até R$ 261,25 por pessoa.
Com a ampliação, o governo estima um custo adicional de R$ 217 bilhões em uma década - o equivalente a 27% da economia obtida com a reforma da Previdência. Vai aumentar também a fila de espera por benefícios do INSS, que hoje acumula 1,8 milhão de pessoas.
Na sexta-feira, 12, o TCU suspendeu, em caráter liminar (provisório), a ampliação do benefício. A medida atendeu a um pedido do Ministério da Economia.
Em ofício, Maia informa a Dantas que "sob sua coordenação" as lideranças vão buscar um acordo sem se descuidar do propósito social do benefício.
Segundo a reportagem apurou, a oposição aceitou manter o valor de referência para o recebimento do BPC na renda familiar de no máximo 25% do salário mínimo, mas o governo admitiu a criação de algumas situações específicas em que pode chegar a 50%, por exemplo, quando a pessoa tiver uma deficiência grave.
Com isso, aumenta-se a base de famílias que receberão o BPC, mas num volume que o governo consegue administrar.