Após fazer percurso de carro, presidente desceu e apertou a mão de manifestantes no Planalto. Na sexta, Bolsonaro evitou cumprimentar pessoas em razão do vírus.
O presidente Jair Bolsonaro descumpriu, neste domingo (15), a recomendação de monitoramento dada por médicos do governo em razão do novo coronavírus. Bolsonaro deixou o Palácio da Alvorada no início da tarde e participou de uma manifestação a favor do governo.
Em um primeiro momento, o presidente percorreu o lado oposto da Esplanada dos Ministérios, de carro, e recebeu acenos dos manifestantes. Em seguida, fez o caminho de volta e entrou no Palácio do Planalto.
Minutos depois, foi até a grade e apertou a mão de apoiadores. O diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Antônio Barra Torres, apareceu ao lado de Bolsonaro nas imagens.
Questionada, a assessoria da Anvisa informou que Torres "recebeu um convite do presidente para uma conversa informal, aceitou e foi". A agência não quis comentar o risco associado a esse tipo de aglomeração.
Na sexta (13), após receber um exame de coronavírus com resultado negativo, o presidente disse a apoiadores no Palácio da Alvorada que não daria a mão para cumprimentar as pessoas, como faz de costume.
“Apesar de o meu teste ter dado negativo, eu não vou apertar a mão de vocês. Nunca tinha visto ali qualquer problema. Se bem que, para a imprensa que está ouvindo ali, se eu tivesse com o vírus ou não tivesse, não estaria sentindo nada. Vida segue normal, um grande desafio pela frente, muitos problemas para serem resolvidos”, afirmou o presidente na ocasião.
Cinco pessoas que viajaram com o presidente para os Estados Unidos fizeram os exames e descobriram que pegaram coronavírus.
Além da recomendação de monitoramento, médicos e autoridades ligadas ao governo pediram que Jair Bolsonaro repita o exame de coronavírus na próxima semana. Até lá, era esperado que o presidente evitasse contato com aglomerações. A agenda de segunda (16), por exemplo, não lista compromissos oficiais para o presidente.
Precaução inicial
Em uma transmissão pela internet na quinta (12), Bolsonaro apareceu de máscara ao lado de Mandetta. O presidente disse que seus apoiadores deveriam repensar as manifestações deste domingo, por causa do coronavírus. "Nossa saúde e de nossos familiares devem ser preservadas", afirmou ele na transmissão.
Após deixar o Palácio da Alvorada neste domingo, de carro oficial, o presidente se dirigiu para o Eixo Monumental, onde estava ocorrendo a manifestação. Bolsonaro não desceu do carro. Ao saberem que se tratava do veículo presidencial, apoiadores começaram a acenar, gritar palavras de ordem e a seguir o carro.
A manifestação em Brasília teve críticas ao Congresso e ao Supremo Tribunal Federal (STF) – algumas delas inconstitucionais e ilegais, como faixas pedindo intervenção militar e fechamento do Congresso e do STF.
Participação no ato
Bolsonaro primeiro subiu o Eixo Monumental em um sentido, depois fez a volta para percorrer o sentido oposto. Nesse momento, a quantidade de carros que o seguia diminuiu. O presidente foi até o Palácio do Planalto, local de trabalho, que não costuma frequentar aos domingos. Lá, subiu a rampa que fica na entrada e, da parte de cima, ficou acenando para as pessoas que começaram a se reunir na rua.
O presidente abriu uma transmissão ao vivo na internet no momento em que estava em cima da rampa do palácio:
"Não tem preço o que esse povo está fazendo, apesar de eu ter sugerido, eu não posso mandar, a manifestação não é minha, o adiamento, dado esse vírus", disse Bolsonaro.
Depois ele desceu até a rua para cumprimentar os apoiadores. Ele pegou na mão das pessoas, contrariando o que tinha dito na sexta.
Mais cedo, Bolsonaro havia compartilhado em suas redes sociais imagens de atos pró-governo em cidades do país.
As recomendações mais recentes do Ministério da Saúde dizem que, durante a crise do coronavírus, as pessoas devem reduzir a exposição a locais de muita aglomeração.
Coronavírus
A Organização Mundial da Saúde (OMS) está sugerindo medidas para os governos e também para as pessoas para tentar conter a pandemia do novo coronavírus. A organização tem reforçado a importância das atitudes de cada pessoa para tentar controlar a disseminação da doença e também manter a sustentabilidade dos sistemas de saúde.
Segundo os especialistas ouvidos pelo G1, todas as medidas tomadas até agora estão sendo para evitar o colapso no sistema de saúde. A ideia é que a infecção não aconteça em um número grande de pessoas ao mesmo tempo para que haja um prazo maior de ação. Por isso, segundo eles, as atitudes individuais e coletivas de prevenção são fundamentais.
Alguns dos pontos destacados pelos especialistas, são:
As principais forma de ações individuais são: higienizar as mãos, tossir ou espirrar no braço e evitar sair de casa no caso de sintomas.
As principais ações coletivas, são: evitar aglomerações e ir em hospitais somente em caso de emergência.
Caso haja uma contaminação rápida e elevada da população, o sistema de saúde pode entrar em colapso.
Um dos pontos de atenção, no Brasil, é a quantidade de leitos de UTI, que pode ser um problema em caso de descontrole dos contágios.
As atitudes tomadas pelos agentes públicos são para evitar o colapso.
As ações só funcionarão se houver colaboração da sociedade.
Na quinta-feira, o Ministério da Saúde fez as seguintes recomendações:
Evitar apertos de mão, não compartilhar alimentos e bebidas, aumentar a distância social, reduzir a exposição a lugares lotados.
Idosos e doentes crônicos devem evitar locais com aglomeração: cinema, shoppings, shows e viagens.
Mudar rotina no transporte público.
Fazer exercícios ao ar livre. Academias podem estimular horários alternativos e reforçar higiene de equipamentos.
Comprar suprimentos que devem estar sempre à mão, para evitar sair se ficar doente ou precisar cuidar de alguém doente. Ao mesmo tempo, fazer isso de forma racional e evitar compras desnecessárias.
Quem usa medicamentos contínuos deve pedir prescrições com validade mais prolongada, para evitar ter que ir a uma unidade de saúde no período entre o outono e o inverno.
Fazer compras fora do horário de pico.