A infecção foi constatada no marido da mulher que já estava internada desde a última sexta-feira. Ele está em isolamento domiciliar
O governo do Distrito Federal confirmou na noite desta terça-feira (10) o segundo caso de coronavírus. Com isso, o número de casos da doença registrados no Brasil chega a 35, apesar do Ministério da Saúde informar que só vai atualizar os dados oficiais nesta quarta-feira (11).
O homem é um advogado de 53 anos casado com uma paciente que se encontra isolada e internada em estado grave no HRAN (Hospital Regional da Asa Norte), no Distrito Federal. Ele se recusava a fazer o exame para a doença e foi obrigada pela Justiça.
Segundo o Boletim de Saúde divulgado nesta terça-feira, o advogado está em bom estado de saúde e está em isolamento domiciliar, não sendo necessária a internação.
A Equipe do Cievs (Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde) faz monitoramento diário, e caso ele apresente algum sintoma ou quadro de desconforto respiratório será então hospitalizado.
Já mulher dele está internada desde a última sexta-feira (6), após ser diagnosticada com síndrome da angústia respiratória do adulto, secundária à infecção pelo coronavírus. O boletim médico desta segunda-feira falava em piora do quadro respiratório e febre. Ela respira com ajuda de aparelhos e está isolada na UTI.
A paciente havia viajado à Inglaterra e Suíça, de acordo com o Ministério da Saúde.
Com essa confirmação, o Brasil chega a 35 casos de covid-19. Passam também a ser sete o número de pacientes que contraíram o vírus sem ter viajado ao exterior.
De acordo com o ministério, em todas as situações é possível rastrear o paciente que transmitiu o coronavírus ao outro, como no caso do marido para a mulher.
Coronavírus é menos letal que outras doenças
Apesar de preocupante, o coronavírus é menos letal que outras doenças. O virologista Maurício Nogueira, da Faculdade de Medicina de São José do Rio Preto (SP), afirma que, com as informações atuais, a dengue deve ser o maior problema que Brasil enfrentará neste ano. Foram registrados, em apenas 34 dias, 91,1 mil casos prováveis de dengue.
Em 2019, foram registrados 754 óbitos pela doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, o segundo mais alto da série histórica, segundo o Ministério da Saúde. Em 2018, foram 155 mortes pela doença e, em 2017, 185.
Em comparação a outras epidemias respiratórias recentes, como a da gripe A (H1N1) e do ebola, o coronavírus mostra níveis de infectividade e letalidade menores.
O ebola, que apareceu pela primeira vez em 1976, matou, entre 2014 e 2016, mais de 11 mil pessoas em países africanos como Guiné, Serra Leoa e Libéria. De acordo com dados da OMS, a taxa média de mortalidade da doença é de 50%. Desde que foi descoberto, o vírus causou a morte de 12.913 pessoas no mundo todo.
O surto mundial de Sars (Síndrome Respiratória Aguda Grave) entre 2002 e 2003 atingiu 8.098 pessoas na Ásia, Europa e nas Américas, sendo registradas 774 mortes. Um relatório da OMS divulgado em 2003, quando o surto foi considerado encerrado, citou uma taxa de mortalidade de 15%, que podia variar em cada região do mundo. Em números absolutos, o novo coronavírus já causou mais mortes que a Sars, mas sua taxa de mortalidade é menor: 3,4%, de acordo com a OMS.
A gripe A, causada pelo H1N1, causou uma pandemia em 2009, quando foi identificada. No fim do surto, em 2010, a OMS estimou em 18.500 o número de mortes causadas pela doença. Entretanto, em estudo posterior, o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças dos EUA) estimou que entre 151.700 e 575.400 pessoas morreram de H1N1 em todo o mundo.
O Brasil teve em 2019 teve 1.109 mortes por gripe, segundo o último relatório do Ministério da Saúde. O subtipo de vírus da gripe que mais matou foi o H1N1, com 787 óbitos.
Já a Mers (Síndrome Respiratória do Oriente Médio) é uma doença respiratória também causada por um tipo de coronavírus. Ela foi primeiramente relatada em 2012 na Arábia Saudita e já causou 866 mortes em todo o mundo, tendo infectado 2.519 pessoas, de acordo com a OMS.