Presidente do órgão mudou regras de exportação, o que enfraqueceu a capacidade do país de controlar a exportação ilegal
O Brasil exportou durante o último ano milhares de carregamentos de madeira a partir de um porto na Amazônia sem autorização do Ibama, aumentando o risco de o material ter origem em terras desmatadas ilegalmente, disseram duas fontes com conhecimento direto do assunto à Reuters.
Depois que autoridades alfandegárias da Europa e dos Estados Unidos alertaram o Brasil sobre a questão, o presidente do Ibama, Eduardo Bim, mudou os regulamentos para acabar com as autorizações de exportação anteriormente exigidas, de acordo com um documento interno visto pela Reuters.
As mudanças feitas pelo presidente do Ibama rejeitaram uma análise técnica de cinco analistas do Ibama que argumentaram que as aprovações de exportação deveriam permanecer em vigor.
As duas fontes do Ibama, que trabalharam diretamente na inspeção de madeira e falaram sob condição de anonimato devido a preocupações com repercussões profissionais, disseram que as mudanças enfraquecem ainda mais a capacidade do Brasil de controlar a exportação de madeira desmatada ilegalmente.
O Ibama respondeu a perguntas da Reuters sobre a situação com uma descrição técnica detalhada do atual processo de exportação de madeira, sem mencionar a necessidade anterior de uma autorização separada da agência.
O Ibama se referiu às autorizações de exportação concedidas pela Receita Federal, dizendo que são concedidas somente após uma referência cruzada com um sistema nacional para supervisionar a madeira para verificar se ela é de origem legítima.
O Ibama ainda é capaz de fazer inspeções pontuais de cargas de madeira destinadas à exportação, disse o documento.