O juiz Augusto Yuzo, que responde pelas comarcas de Esplanada e Alagoinhas, no Norte da Bahia, atendeu solicitação feita pelo Ministério Público (MP) baiano e determinou que a Secretaria de Segurança da Bahia forneça as gravações dos rádios transmissores dos policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) que participaram da operação realizada, no último dia 9, que acabou com a morte de Adriano Magalhães da Nóbrega.
Apontado por promotores do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do MPRJ como chefe da milícia de Rio das Pedras, o ex-capitão do Bope carioca foi morto com dois tiros, em Esplanada, ao reagir ao cerco policial feito por homens do Bope baiano
O objetivo da medida é o de esclarecer, entre outras coisas, os momentos que antecederam a morte do ex-caveira.
O juízo de Esplanada e Alagoinhas também determinou que um exame papiloscópico seja feito nas munições não deflagradas encontradas na pistola Glock, calibre nove milímetros, arma que foi supostamente encontrada com Adriano e que ele teria usado para disparar dois tiros contra um escudo usado por policiais que tentavam executar sua prisão.
A perícia pode esclarecer, neste caso, se Adriano chegou a manusear a munição usada na arma.
Entre outras medidas determinadas pela justiça estão ainda a realização de uma perícia complementar necroscópica no corpo de Adriano, que será feita por peritos do Instituto Médico-Legal (IML) do Rio de Janeiro e a conservação do cadáver, que deverá ficar acondicionado em uma câmara de refrigeração do IML carioca. O prazo estipulado para realização dos exames é de 15 dias, de acordo com a Justiça da Bahia.
As medidas expedidas pela Justiça da Bahia atendem também pedido de produção antecipada de provas feita por parentes de Adriano e por Júlia Lotufo, que mantinha um relacionamento com o ex-capitão do Bope. Segundo investigações da polícia, ela teria telefonado para Adriano para falar sobre a mobilização das autoridades, após ser parada em uma blitz e liberada por agentes da Polícia Rodoviária Federal, na altura de Vitória da Conquista, na Bahia, na véspera do cerco policial feito em Esplanada.
Na ocasião, o miliciano estaria na fazenda do pecuarista Leandro Guimarães, na Zona Rural de Esplanada. Por conta disso, acabou se escondendo em uma casa localizada no Bairro das Palmeiras, para onde foi levado por Leandro.
Ao depor após ser preso, no último dia 9 por por estar numa casa onde foram encontradas três armas, o pecuarista afirmou ter sido obrigado por Adriano ao levar, na noite do dia 8, para o esconderijo onde acabou sendo localizado e morto pela polícia.
Leandro Guimarães, que chegou a ser arrolado por advogados de Adriano como testemunha de defesa em um processo que tramita no Tribunal de Justiça do Rio, já está em liberdade. Ele teve a prisão relaxada pela Justiça, dias após sua prisão. Na ocasião, o juízo baiano negou pedido feito pela polícia para converter a prisão em flagrante do pecuarista em preventiva.
Procurada, a Secretaria de Segurança da Bahia informou que fornecerá todas as informações, documentos e laudos referentes ao caso. E que quer total transparência sobre a ocorrência.