Versão oficial dizia que o ex-capitão do BOPE “morreu no hospital”
A morte do miliciano Adriano Nóbrega está cheia de contradições, a começar pela versão oficial, que dizia (…) Segundo a SSP, no momento do cumprimento do mandado de prisão, Adriano reagiu com disparos de arma de fogo e acabou ferido e foi levado ao Hospital São Francisco São Vicente, em Esplanada, mas não resistiu aos ferimentos”.
Porém, uma funcionária da unidade disse que Adriano chegou ao local sem vida. O corpo dele foi levado para o Instituto Médico Legal de Alagoinhas.
No esconderijo, a polícia baiana apreendeu uma pistola, um revólver e duas espingardas. Além do armamento, foram encontrados 13 celulares. Segundo a Secretaria de Segurança Pública da Bahia (SSP-BA), guarnições do Batalhão de Operações Policiais Especiais (Bope), da Companhia Independente de Policiamento Especializado (Cipe) Litoral Norte, do Grupamento Aéreo (Graer) e da Superintendência de Inteligência (SI) da pasta encerraram as varreduras no início da tarde deste domingo.
Os materiais foram encontrados em diferentes cômodos da casa. O caso foi registrado no Departamento de Repressão e Combate ao Crime Organizado (Draco) da Bahia. Ainda de acordo com a secretaria, toda formalização da ocorrência foi repassada para equipe do Rio de Janeiro que deu apoio com informações e investigava Adriano.
Corpo na Bahia
A família e a defesa de Adriano Magalhães da Nóbrega, morto neste domingo em Esplanada, na Bahia, tentam trazer o corpo dele para o Rio ainda nesta segunda-feira, 10. Ele está, neste momento, em Alagoinhas, município que fica a cerca de 70 quilômetros daquele em que o miliciano foi morto.
Apesar de ter sido encontrado no sítio de um vereador do PSL, Gilsinho da Dedé, o miliciano — foragido desde janeiro de 2019 — estava escondido em outra fazenda, que pertence a Leandro Guimarães. Organizador de vaquejadas no município, ele foi preso pela polícia na operação, por causa do porte de armas. Nas redes sociais, Guimarães publica com frequência imagens de torneios de vaquejada e demonstra ser influente naquela região baiana.
Pouco se sabe, até agora, sobre o momento da morte de Adriano. Segundo as autoridades da Bahia, houve troca de tiros entre ele e os agentes que participaram da operação. Na última semana, contudo, o miliciano e sua família relataram ao advogado dele, Paulo Emilio Catta Preta, que temiam uma “queima de arquivo”: o ex-capitão do Bope tinha certeza de que queriam matá-lo, não prendê-lo.
A ligação do ex-capitão é mais direta em outro caso de enorme repercussão tocado pelo MP fluminense: o da suposta “rachadinha” no gabinete do então deputado estadual Flávio Bolsonaro.
Segundo os documentos produzidos pelos investigadores, Adriano se beneficiaria do dinheiro supostamente desviado do gabinete na Assembleia Legislativa (Alerj). Ele assume isso em mensagem enviada para a ex-mulher, Danielle Mendonça da Costa — que, assim como a mãe do miliciano, era lotada no escritório do filho do presidente da República.
“Também contava com o que vinha do seu”, escreveu ele para Danielle, quando a ex-esposa reclamou de ter sido exonerada da Alerj.