PF diz não ter identificado indícios de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em inquérito sobre declaração de bens e negociações de imóveis feitas pelo senador. Conclusões diferem das de investigação do MP.A Polícia Federal afirmou não ter encontrado indícios de que o senador Flávio Bolsonaro tenha cometido os crimes de lavagem de dinheiro e falsidade ideológica em inquérito eleitoral envolvendo negociações de imóveis e sua declaração de bens na eleição de 2018, noticiou o jornal Folha de S.Paulo nesta segunda-feira (03/02).
A PF deve entregar à Justiça o relatório final sobre o caso nos próximos dias. A investigação em questão teve início após uma notícia crime feita pelo advogado Eliezer Gomes da Silva com base em uma reportagem da Folha, publicada em janeiro de 2018, sobre a evolução dos patrimônios do então deputado federal Jair Bolsonaro e de seus filhos.
Na notícia crime, o advogado chamou atenção para o fato de Flávio ter declarado, em 2014 e 2016, que era proprietário de um imóvel no bairro carioca de Laranjeiras, mas ter atribuído valores diferentes a ele a cada ano.
A investigação concluída pela PF difere de outro inquérito, do Ministério Público do Rio (MP-RJ), que investiga a prática conhecida como "rachadinha" - esquema de divisão de salários de funcionários - no gabinete de Flávio à época que ele atuava como deputado na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj).
De acordo com a Promotoria, que investiga os crimes de peculato, ocultação de patrimônio e organização criminosa, Flávio lavou até 2,3 milhões de reais com transações imobiliárias e uma loja de chocolates de sua propriredade. O senador nega os crimes.
O MP-RJ encontrou suspeitas de que o senador tenha usado recursos em espécie na compra de apartamentos com o objetivo de lavar dinheiro proveniente da "rachadinha" da Assembleia Legislativa e desconfia que os valores dos imóveis registrados por Flávio em cartórios não sejam verdadeiros. Na investigação da PF, no entanto, não foram apontados indícios nesse sentido.
A investigação do MP-RJ começou depois de um relatório do antigo Conselho de Controle de Atividades Financeiras (Coaf) - atual Unidade de Inteligência Financeira (UIF) - detectar uma movimentação atípica de 1,2 milhão de reais no período de um ano nas contas de Fabrício Queiroz, funcionário do gabinete de Flávio e amigo de Jair Bolsonaro.