A internet havia sido cortada no dia 5 de agosto em parte da região, quando o governo indiano revogou o status especial do território
Usuários de parte da Caxemira, na Índia, tiveram suas contas de WhatsApp canceladas depois de ficarem sem internet por 4 meses, informaram veículos internacionais de imprensa na quarta-feira (4).
A internet havia sido cortada no dia 5 de agosto em parte da região, quando o governo indiano revogou o status especial do território, que é disputado com o Paquistão, levando a uma série de protestos.
O cancelamento das contas do aplicativo começou a ser percebido depois de relatos, nas redes sociais, de que havia pessoas da região saindo em massa de grupos do aplicativo.
Segundo um porta-voz do Facebook, que é dono do WhatsApp, os "desaparecimentos" ocorreram por causa da política da empresa sobre contas inativas.
"Para manter a segurança e limitar a retenção de dados, as contas de WhatsApp geralmente expiram depois de 120 dias de inatividade", afirmou a empresa em comunicado ao jornal indiano "The Times of India".
"Quando isso acontece, essas contas automaticamente saem dos grupos de WhatsApp. As pessoas precisarão ser adicionadas aos grupos novamente depois que recuperarem o acesso à internet e se cadastrarem no WhatsApp de novo", continua o texto.
Os dados de usuários do aplicativo, entretanto, são guardados em backup no Google Drive - uma vez que eles retomem acesso à conta, podem conseguir recuperar as informações contidas no último backup.
O estado de Jammu e Caxemira tem cerca de 1% dos usuários de smartphones da Índia -- 4,9 milhões de pessoas na época em que o blecaute começou, segundo o "Times of India".
"É seguro presumir que cerca de 1,5 milhão de usuários de WhatsApp podem ter sido desativados em um único dia na quarta-feira", avaliou Faisal Kawoosa, fundador de uma firma de consultoria tecnológica, ao jornal indiano.
Os especialistas avaliaram o impacto apenas para a região do Vale da Caxemira, que sofreu os 120 dias de corte de internet. Eles avaliam que cerca de 35% dos moradores do lugar conseguiram viajar para fora do vale, e, assim, manter as contas ativas.
O WhatsApp tem cerca de 400 milhões de usuários na Índia, mas a empresa não divulga os dados por região.
Divisão
A região de Caxemira, que tem maioria muçulmana, é motivo de animosidade entre Índia e Paquistão há mais de 70 anos, desde que o Reino Unido fez a divisão da colônia entre Índia (majoritariamente hindu) e Paquistão (muçulmano).
Depois da divisão do subcontinente indiano, em 1947, esperava-se que a Caxemira fosse para o Paquistão, pois isso havia acontecido com as outras regiões de maioria muçulmana.
O líder da região naquela época era hindu. Ele queria a independência, mas, confrontado com uma invasão de grupos muçulmanos do Paquistão, aderiu à Índia, em troca de ajuda militar contra os invasores.
Um cessar-fogo de 1972, monitorado pela ONU, determinou uma linha de controle da Caxemira para determinar uma área sob jurisdição da Índia e outra do Paquistão.
Durante décadas, os exércitos dos dois países disputaram essa linha. Em 1999, os dois se envolveram em uma batalha ao longo da divisão. As forças trocaram fogo com regularidade até 2003, quando foi declarada uma trégua.