Fosse no Brasil, teriam aberto prazo para defesa, seguida de oitivas e todos os amplos e infinitos prazos regimentais – fora os recursos e embargos
Pápum. O Senado do Paraguai, em menos de três dias úteis, cassou um de seus membros. Deu até inveja – e vontade de importar o modelo do vizinho. Fica a torcida para que prospere entre nós esse exemplo de regimento cèlçere e eficaz.
O senador Cubas Colomés, de extrema-direita, pediu a morte de “100 mil brasileiros” em um vídeo veiculado no início da semana. Casca grossa e fanfarrão, o parlamentar já tinha duas suspensões na Casa. Demorou. Perdeu. Já era.
Quase nem houve tempo de reagir. Não teve colega maluco para alegar “liberdade de expressão” ou contemporizar que os votos recebidos pelo político incitador são sagrados ou soberanos. Democracia acolhe a todos os pensamentos, por isso mesmo não pode se tornar terra de ninguém.
Ocorresse algo semelhante no Brasil – e político doido aqui não falta –, no máximo, teriam aberto prazo para defesa, seguida de oitivas e todos os amplos e infinitos prazos regimentais. Fora os recursos e embargos.
Não vai dar em nada, esse é o lema que nos assombra, em todas as instâncias. Abolimos o rito sumário, aquele reservado para casos em que não cabem polêmicas. A sociedade brasileira é indolente com os mais fortes, tem preguiça de punir poderosos e se cala diante do abuso. Temos muito que aprender.