Segundo o Deic, Marcelo José de Lima teria participado de todas as fases do ataque ao terminal de cargas em julho
O Departamento de Investigações Criminais (Deic) prendeu na madrugada desta sexta-feira (22) um dos suspeitos de participar do mega-assalto ao terminal de cargas do Aeroporto de Cumbica, em Guarulhos. Segundo a investigação, Marcelo José de Lima teria participado de todas as fases do roubo, realizado em julho, de 711 quilos de ouro, 36 quilos de prata, 15 quilos esmeralda bruta, 18 relógios e um colar de luxo: o valor estimado é de R$ 117 milhões.
Lima teria passagens anteriores por roubo a carro-forte, segundo a Polícia Civil. Ele morava no Morumbi, na zona sul de São Paulo, mas também estaria construindo uma chácara de alto padrão em Atibaia. O suspeito foi preso por policiais da Delegacia de Roubo a Banco, do Deic.
Em agosto, quando prendeu outros quatro suspeitos, o Deic trabalhava com a hipótese de ao menos 14 criminosos terem participado do ataque. Para o assalto em Cumbica, realizado na tarde de 25 de julho, os ladrões usaram viaturas clonadas da Polícia Federal, fuzis e até munição antiaérea. Rápida, a ação terminou sem que fosse preciso disparar nenhum tiro. Não houve feridos.
Na ocasião, também se levantou a possibilidade de que ouro roubado estava sendo escoado aos poucos para a China. Até o momento, a carga não foi recuperada.
Segundo a Polícia Civil, o aeroporto chega a movimentar até duas toneladas de ouro em um único dia. O assalto era planejado ao menos desde janeiro. De acordo com a investigação, a ação só foi possível após a quadrilha conseguir cooptar um funcionário do aeroporto: Peterson Patrício, de 33 anos, que está preso.
Patrício teria sido responsável por repassar informações privilegiadas ao bando, mas teria "criado obstáculos" nas duas primeiras tentativas de assalto à Cumbica, em março e na semana anterior ao ataque. Seria por esse motivo que a família dele foi sequestrada no dia que o ataque foi realizado.
Já Peterson Brasil, amigo de infância de Patrício, que teria sido responsável por convencê-lo participar do roubo. Ele também está detido.
Outro preso é Marcelo Ferraz da Silva, o Capim, apontado como líder da "parte operacional" da quadrilha. Segundo investigadores, ele seria "expert" em grandes assaltos e teria participado também do ataque em 2017 a dois carros-fortes na Rodovia dos Tamoios, em Jambeiro, no interior, que terminou com dois policiais militares feridos.
O último detido é Célio Dias, acusado de ter definido o local para intermediar a fuga. Ele foi autuado em flagrante por estar com um carregador de fuzil contendo projéteis calibre 7.62 mm.
Foragidos estão na lista de 'mais procurados' da Polícia Civil
O homem apontado como o "mentor intelectual" do assalto é Francisco Teotônio da Silva Pasqualini, o Velho, de 56. Foragido, ele recentemente foi incluído na lista de criminosos "mais procurados" de São Paulo.
Dono de extensa ficha corrida, Pasqualini foi preso pela primeira vez em 1982 e coleciona passagens por roubo a banco e a carro-forte, segundo a Polícia Civil. Em Cumbica, no entanto, ele não teria participado diretamente do assalto e fez parte do grupo que sequestrou a família do funcionário do aeroporto.
O segundo foragido é Joselito de Souza, de 52 anos, o dono de um lava-rápido usado pela quadrilha para clonar viaturas da PF, segundo a investigação.