Protestos acontecem em Cochabamba e Sucre. Governo ainda não se pronunciou sobre essas manifestações e policiais não divulgaram nota
Após um grupo de policiais iniciar nesta sexta-feira (8) um motim em um quartel na cidade de Cochabamba, na Bolívia, outros agentes se rebelaram em uma unidade em Sucre, a capital constitucional do país.
Segundo alguns veículos de imprensa bolivianos, também há levantes similares em mais regiões, como na andina Potosí, embora não haja uma confirmação oficial.
Um representante policial que pediu anonimato afirmou em Sucre que unidades dessa cidade e do departamento (subdivisão do país) homônimo se uniram ao motim realizado em Cochabamba.
Uma multidão se reuniu em frente ao quartel em Sucre para manifestar apoio ao movimento e gritava palavras de ordem como "policial amigo, o povo está contigo".
Uma sargento da Policía Boliviana, Cecilia Calani, declarou a jornalistas nessa cidade que o motim tem como objetivo "defender a "ética como instituição".
"Não podem nos comprar, nossa unidade não tem preço", afirmou.
A policial pediu aos "irmãos das Forças Armadas" para não reprimirem os motins e cobrou que o presidente da Bolívia, Evo Morales, dialogue com a oposição e os movimentos cívicos que vêm ocorrendo no país - parte da população acusa o governante de ter fraudado as eleições do dia 20 de outubro, nas quais se reelegeu para um quarto mandato.
Horas antes da rebelião em Sucre, integrantes da Unidade Tática de Operações Policiais (Utop) de Cochabamba fizeram um motim em um quartel da cidade, cantaram o hino nacional e colocaram bandeiras bolivianas no alto do edifício.
Um policial, com o rosto coberto, declarou à imprensa que a intenção do movimento é "fazer notar a toda a opinião pública que não se trata de um grupo, é toda a guarnição de Cochabamba" que participa do motim.
"Estamos em repúdio a este governo, que não nos ouve há 14 anos", declarou.
Protestos na Bolívia
Os motins ocorrem em meio a uma crise política e social que a Bolívia vive desde as recentes eleições. Evo Morales convocou nos últimos dias seus apoiadores para defenderem o resultado declarado pela justiça eleitoral do país e classificou as denúncias de fraude como "tentativa de golpe de estado" por parte da oposição e de movimentos populares.
Os opositores do presidente, que está há quase 14 anos no poder, exigem a renúncia de Morales, a anulação das eleições e a convocação de um novo pleito.
Ao menos três pessoas morreram em confrontos entre simpatizantes e opositores do mandatário desde o dia seguintes às eleições e outras 383 ficaram feridas, segundo a Defensoria do Povo da Bolívia.