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MUNDIAL: Casa Branca admite troca de favores de R$ 1,6 bilhão com Ucrânia




Ajuda militar valeria caso país europeu investigasse uma acusação relacionada às eleições americanas de 2016. Declaração contradiz Donald Trump


A Casa Branca admitiu nesta quinta-feira (17) que congelou um pacote de quase US$ 400 milhões (cerca de R$ 1,6 bilhão), em ajuda militar à Ucrânia porque queria que o país investigasse uma acusação relacionada às eleições americanas de 2016, já descartada como uma teoria da conspiração.


A declaração que contradiz o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que segue negando qualquer tipo de troca de favores entre os dois governos, foi dada pelo chefe de gabinete da Casa Branca, Mick Mulvaney, e pode ter reflexos sobre o processo de impeachment em andamento na Câmara de Representantes.


"Ele mencionou para mim no passado a corrupção ligada ao servidor (de e-mail) do DNC (Comitê Nacional Democrata)? Absolutamente. Não há dúvida disso", disse Mulvaney, em referência a Trump, em entrevista coletiva. "É por isso que retivemos o dinheiro", justificou.


"A revisão do que ocorreu em 2016 certamente fez parte de suas preocupações em relação à corrupção naquele país (a Ucrânia). E isso é absolutamente apropriado", continuou.


Mulvaney citava a suspeita de Trump que um servidor do Comitê Nacional Democrata (DNC), hackeado por agentes russos e que armazenaria e-mails de Hillary Clinton, estava na Ucrânia, uma teoria conspiratória sobre a qual não há provas.


A investigação que pode culminar no impeachment de Trump focou até agora na possibilidade de Trump ter imposto outra condição para congelar a ajuda militar aos ucranianos: a abertura de um inquérito contra o ex-vice-presidente americano Joe Biden e seu filho, Hunter Biden.


Trump reconheceu que pressionou o presidente da Ucrânia, Vladimir Zelenski, para que investigasse o agora pré-candidato do Partido Democrata à presidência dos EUA, mas negou a troca de favores para que o inquérito fosse aberto.


"O dinheiro que retivemos não teve absolutamente nada a ver com Biden", disse Mulvaney.

No entanto, a admissão de Mulvaney pode dar aos democratas novos motivos para seguir com o processo de impeachment. Assim como no caso de Biden, a Casa Branca teria pedido ajuda a um terceiro país para obter vantagem nas eleições.


O chefe de gabinete de Trump argumentou que o congelamento da ajuda à Ucrânia não é ilegal. Segundo ele, impor condições para que pacotes de assistência econômica sejam liberados é uma prática habitual da política externa americana.


"Fazemos isso a todo momento", disse Mulvaney, citando a suspensão dos repasses a Guatemala, El Salvador e Honduras até que aceitassem cooperar com a Casa Branca para conter o fluxo migratório rumo à fronteira entre México e EUA.


A diferença é que no caso dos países do Triângulo Norte não havia benefício eleitoral para Trump, violação que os democratas consideram ser passível de impeachment.


Após a polêmica provocada pelas declarações, Mulvaney voltou atrás do que disse na coletiva em comunicado e acusou a imprensa de distorcer suas palavras.

"Mais uma vez, os veículos de imprensa decidiram interpretar mal meus comentários para promover uma caça às bruxas parcial e política contra o presidente Trump. (...) Deixem-me ser claro: não houve, em absoluto, nenhum 'toma lá dá cá' na assistência militar ucraniana e nenhuma investigação sobre a eleição de 2016", afirmou.


"O presidente nunca me disse para que retivéssemos o dinheiro até que os ucranianos fizessem algo relacionado com o servidor. As únicas razões pelas quais retivemos o dinheiro foram as preocupações com a falta de apoio de outras nações e as inquietações sobre corrupção", continuou o chefe de gabinete da Casa Branca.


No Texas, para onde viajou para participar de um comício, Trump disse que não acompanhou a entrevista coletiva de Mulvaney, mas que ouviu dizer que ele tinha feito um bom trabalho.


"Mick é um bom homem. Tenho muita confiança nele", disse Trump.

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