Afirmação foi prestada na quarta-feira (2), na sede da PF no RJ, em depoimento ao qual o G1 teve acesso . Defesa de Alexandre Ferrari nega as acusações da Lava Jato.
Cerca de R$ 3,2 bilhões, referentes à uma compra de moeda estrangeira, feita pelo empresário Ricardo Siqueira Rodrigues, desapareceram do sistema da Receita Federal. A informação foi prestada pelo auditor federal Alexandre Ferrari Araújo, de 51 anos, em depoimento na Superintendência da Polícia Federal, no Rio de Janeiro, na quarta-feira (2).
O relato foi feito horas depois de Alexandre Araújo ser preso em mais uma fase da Lava Jato no Rio.
A ação conjunta reuniu a Polícia Federal, o Ministério Público Federal e a Corregedoria da Receita. Ao todo, 11 pessoas foram presas, entre auditores e ex-auditores. Três pessoas estão foragidas (saiba quem são os alvos da operação).
Nas investigações, o auditor Alexandre Ferrari é suspeito de integrar o grupo que extorquiu dinheiro do empresário Ricardo Rodrigues, investigado pela Força-tarefa da Lava Jato.
Alexandre Ferrari nega as acusações.
No depoimento, chamou a atenção dos investigadores o relato de sumiço de valores do sistema da Receita. O caso está sendo investigado para se entender esse desaparecimento de dados.
Aos policiais federais, Alexandre Araújo contou ainda que integrou a equipe especial de fiscalização da Operação Lava Jato desde 2018. Em pouco mais de um ano realizou quatro fiscalizações no setor: duas contra pessoas físicas e duas contra jurídicas.
Além do salário, o auditor diz ter como renda o aluguel de um imóvel, herança da avó paterna, que lhe rende R$ 10 mil brutos por mês.
Ele confirmou que intimou o empresário Ricardo Siqueira a comparecer na Receita, prática, que segundo ele, não costuma fazer. Também disse que pode ter, em algum momento, buscado dados do empresário no sistema da Receita mas que não se recorda disso.
Bretas prorroga prisões temporárias
Alexandre Ferrari está preso temporariamente. A prisão venceria no domingo (6), mas na tarde desta sexta-feira (4), o juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal atendeu pedido de procuradores do MPF e concedeu a prorrogação.
Os procuradores alegaram ter muito material a analisar e que foi apreendido nas buscas concedidas pela Justiça aliado ao fato de que a liberdade de alguns suspeitos, segundo o MPF, atrapalharia essa análise e as investigações.
Além de Alexandre Ferrari mais três auditores tiveram as prisões prorrogadas por mais cinco dias: Fábio dos Santos Cury, Fernando José Barbosa e Leônidas Pereira Quaresma.
Todos os citados negam as acusações.