Durante fiscalização ambiental do Ibama, do ICMBio e da Força Nacional, agentes ambientais queimaram máquinas usadas para desmatar floresta, conforme prevê legislação
Reunidos fora da agenda com os ministros da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM), e do Meio Ambiente, Ricardo Salles (Novo), garimpeiros do Pará cobraram punições a fiscais do Ibama e do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) que, seguindo a legislação, destruíram máquinas usadas para praticar crimes ambientais durante fiscalização realizada entre o final de agosto e o início de setembro.
Nas agendas oficiais de Lorenzoni e Salles o encontro com garimpeiros não aparecia. Na programação de Salles a conversa não existiu, enquanto na de Lorenzoni havia um compromisso sobre o Pará com representantes do governo e o governador do Pará, Helder Barbalho (MDB), segundo Rubens Valente, da Folha. Pelas redes sociais circulou um áudio em que os representantes do garimpo relatam que pressionaram os ministros para punir agentes ambientais, que afirmaram que pretendem tomar ações junto a Polícia Federal.
“Nós precisamos com urgência de, no prazo de uma semana, apresentarmos ações que foram feitas de forma truculenta, arbitrária, onde destruíram maquinários ao arbítrio, fora da lei. Gente, quem tiver alguma ação me passe por favor, precisamos apresentar isso. Ministro exigiu [isso] na mão para abrir sindicância contra os agentes. […] Eles vão tomar, junto com a Polícia Federal, ação com relação a isso, contrário [a] aos atos arbitrários”, disse o advogado Fernando Brandão em uma das mensagens vazadas.
Outro garimpeiro disse que o governo está comprometido em “rever legislação. “Mostramos a nossa causa, as nossas reivindicações. […] O que eles nos pediram foi um prazo de uma semana para poder rever a lei em questão da queimada de máquinas e mostrar uma solução para nós, para a nossa legalização de áreas de Flonas [florestais nacionais], de APAs [áreas de proteção] e de reservas indígenas. Então no dia 2 está marcada uma nova audiência em Brasília, às 10h da manhã, e eles vão mostrar para nós as soluções para poder mudar essa vida nossa aí, beleza?”, contou.
O grupo que se reuniu com Salles e Lorenzoni é o mesmo que tem imposto barricadas na BR-163 desde uma fiscalização do Ibama, ICMBio e Força Nacional que flagrou a invasão da Floresta Nacional do Crepori, uma área de conservação ambiental federal criada em 2006, protegida pelo Instituto Chico Mendes. Seguindo legislação aplicada desde 2008, os agentes colocaram fogo em duas retroescavadeiras e vários motores usados para desmatar a floresta. Segundo o Serviço Florestal Brasileiro, a Crepori possui 742.197 hectares.