Aconselhada por premiê, Elizabeth 2ª referendou a polêmica decisão de encerrar a atividade parlamentar, que irá até o dia 14 de outubro
O primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson, negou nesta quinta-feira (12) ter "mentido" para a rainha Elizabeth 2ª ao solicitar sua autorização para prosseguir com a suspensão do Parlamento, depois que a Justiça escocesa declarou ser "ilegal" sua decisão.
Aconselhada pelo líder "tory", a monarca referendou a polêmica decisão de encerrar a atividade parlamentar, que começou na última terça-feira (10) e irá até o dia 14 de outubro, em um momento crítico na política nacional pela proximidade com o Brexit, em 31 de outubro.
Questionado hoje durante sua participação em um evento marítimo, em Londres, se por acaso "mentiu" a Elizabeth 2ª quando solicitou essa permissão, Johnson respondeu de forma taxativa: "Absolutamente não".
Ontem, o primeiro-ministro sofreu um forte golpe após o Tribunal de Apelação da Escócia ter considerado "ilegal" sua decisão de fechar as duas câmaras durante cinco semanas.
Na sentença divulgada ontem, o tribunal afirmou que o líder conservador quebrou a legalidade e que sua decisão foi motivada pelo "propósito inadequado de prejudicar o Parlamento".
"O Tribunal Superior de Londres (que havia dado a razão a Johnson em outro caso semelhante) está de acordo conosco, mas o Supremo Tribunal - máxima instância judicial neste país - terá que tomar uma decisão" na próxima terça-feira, indicou o primeiro-ministro.
Para justificar a sua decisão, insistiu que é necessário que haja um "Discurso da Rainha" - a apresentação da nova agenda do Governo -, "para avançar e fazer todo tipo de coisa em nível nacional".
Ele acrescentou que o Parlamento "terá tempo antes e depois do crucial Conselho (europeu) dos dias 17 e 18 de outubro sobre o acordo do Brexit".
"Estou muito confiante de que chegaremos a um acordo nesse Conselho crucial. Estamos trabalhando duro. Passei pelas capitais europeias conversando com nossos amigos", afirmou.
Com relação à decisão da Justiça escocesa, que o governo vai recorrer na Suprema Corte, Johnson disse que não "criticará" os juízes por serem o judiciário britânico "uma das grandes glórias de nossa constituição" e porque o magistrados são "independentes".
No entanto, lembrou que no processo similar apresentado contra ele no Tribunal Superior de Londres pela ativista Gina Miller, a Justiça lhe deu razão ao considerar que sua decisão estava em conformidade com a lei.