Com o período de estiagem, época em que as chuvas na região cessam, e o verão Amazônico inicia, a navegabilidade também é afetada, já que o ciclo do agronegócio gira conforme as condições climáticas de cada região do país. Em função do período de seca, o volume de cargas escoado pelo Porto Público fica reduzido, é o que afirma Gilmar Ribeiro, técnico operacional da Sociedade de Portos e Hidrovias do Estado de Rondônia (Soph).
“Com a baixa do rio, o prazo de chegada nos destinos aumentam em 30%. A partir de uma definição da Marinha do Brasil, a navegação também fica proibida durante a noite devido aos bancos de areia e obstáculos que se formam na via. Nesse período, a movimentação nas exportações sofre uma redução de 50%”, relatou.
Ele lembra ainda que o ano de 2016 ficou marcado por uma seca extrema, quando o nível do rio chegou a atingir apenas 1,68 metros. “O nível do rio depende do comportamento do degelo na cordilheira dos Andes. Nesse período as empresas costumam aproveitar para fazer a manutenção nos equipamentos. A estiagem inicia em agosto e pode durar até setembro ou outubro. Logo após, a navegação é normalizada”, afirmou. Para diminuir os pontos críticos que impedem a navegação, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) iniciou em agosto de 2017, a dragagem no Rio Madeira, o investimento é na ordem R$ 80 milhões para assegurar a dragagem até 2022. A intenção é manter profundidades mínimas de 3,5 metros ao longo de toda a estação seca. Essa medida visa garantir a navegação segura das barcaças que transportam milho, soja, derivados de combustível e carga geral na região. Segundo o coordenador de Obras Hidroviárias do DNIT, André Cardoso, a ação retirará sedimentos, desobstruindo a via e permitindo a navegabilidade contínua. “Em junho deste ano retornamos com o trabalho de limpeza no Rio Madeira, atingindo 4 pontos diferentes. A localidade de Curicacas está entre os locais de maior criticidade”, afirmou o coordenador. Novos portos Com o foco no crescimento, o governo de Rondônia já trabalha estratégias para a construção de novos portos, que visam diminuir riscos e dificuldades de navegação, e aumentar o saldo de exportações para 15 milhões de toneladas de produtos a serem escoados pelo Estado, oriundos da produção boliviana. O Projeto “Novos Portos” da Soph está em andamento. Segundo o diretor presidente da Soph, Amadeu Hermes Santos da Cruz, a previsão a curto prazo é iniciar pela implantação de portos internacionais nos municípios de Costas Marques, Machadinho D’Oeste e Guajará-Mirim, considerados canais de grande importância para Rondônia, o estado do Mato Grosso e o país vizinho, Bolívia. A longo prazo a ideia é construir um grande terminal portuário no distrito de Calama. “A curto prazo esses são os nossos investimentos, com previsão de implantação e operacionalização até 2020. A construção desses portos, incluindo o de Calama, em termos de exportação, significa grande crescimento e redução de custo da nossa soja. O que faria de nós um dos maiores portos da região norte”, destacou o presidente da Soph. O Porto Público de Porto Velho é hoje um dos principais canais de exportação de grãos, madeira, castanha, couro, peixe entre outros itens. Do volume de cargas que são escoados pelo porto, os grãos representam cerca de 80% da movimentação. Pelo porto público passam exportações com destino às regiões de Manaus, Belém e Mato Grosso.