Em Porto Velho, pulou de 110 para 380 o total de consultas de crianças em um único hospital
As queimadas que destroem áreas verdes do Brasil há mais ou menos duas semanas, sobretudo nas regiões Norte e Centro-Oeste, têm afetado a saúde dos amazônidas. Em Rondônia, na capital Porto Velho, o número de atendimentos de crianças com problemas respiratórios no Hospital Infantil Cosme e Damião, saltou de 110 casos por dia, no início do mês, para 380 casos nas últimas semanas. No segundo capítulo da série 'Amazônia em chamas - um drama humano', um retrato dos efeitos dos incêndios sobre a saúde da população local.
Quem vive na zona rural como o aposentado Antônio Alves, sente ainda mais os efeitos da fumaça. "Eu acho que a fumaça atrapalha muito a vida da gente. Quanto mais a pessoa vai ficando na idade idosa, sente os problemas respiratórios, sente secura na goela, fica tudo complicado, muito complicado..." A enfermeira Iranilde Cabral, que trabalha na Unidade de Pronto Atendimento, a UPA Sul da capital rondoniense, diz que a lista de problemas provocados pela inalação da fumaça de queimadas florestais é grande. Os mais leves, segundo a enfermeira, são dor e ardência na garganta, tosse seca, falta de ar e vermelhidão nos olhos. "Têm-se se notado um número muito alto de alunos que, no período escolar, ficam com falta de ar e são trazidos para a unidade, por conta dessa questão da fumaça e poeira" No Amazonas, o Gabinete Especial de Combate a Queimadas afirma que 85% dos casos se concentram no sul do estado. Lá estão três das dez cidades da Região Amazônica que mais registram focos de incêndio entre janeiro e julho deste ano: Apuí, Novo Aripuanã e Lábrea. A lista foi feita pelo Instituto de Pesquisa Ambiental (Ipam) da Amazônia. Em Lábrea, a demanda na rede pública de saúde aumentou em 30% por causa de problemas respiratórios. O secretário de Saúde da cidade, Dário Vicente da Silva, afirma que os custos com saúde também aumentaram. "Há um impacto em torno de 15% no aumento do custo da saúde nesse período de queimadas. A a nossa UBS Fluvial chegou de uma viagem da zona rural, passamos 24 dias dentro do rio Purus. Agora estamos fazendo um planejamento para aquisição de R$200 a R$250 mil a mais de medicamentos pra fazer o enfrentamento do problema que tem impacto na saúde da população Labrense" O Acre é o único estado da região Norte que possui sensores para medição da qualidade do ar. Dados do monitoramento mostram que, atualmente, o nível de poluição está quase três vezes acima do ideal para a respiração. A médica pneumologista Ana Carolina Terra Cruz falou sobre os cuidados que devem ser tomados para prevenir doenças respiratórias. "O ideal é se afastar de ambientes externos que tenham fumaça, não praticar exercícios físicos ou qualquer outra atividade em ambientes externos, beber bastante líquido e fazer uso regular das medicações"