Com as queimadas na Amazônia e a forte repercussão internacional para proteger a floresta, países europeus já ameaçam retaliar o Brasil. O presidente francês, Emmanuel Macron, disse que o presidente Jair Bolsonaro mentiu sobre compromissos climáticos e afirmou que será contrário ao acordo entre União Europeia (UE) e Mercosul.
A Irlanda também ameaçou votar contra o acordo. E o governo finlandês, que está na presidência rotativa da UE, pediu que o bloco avalie a possibilidade de banir a carne bovina brasileira.
O motivo para o posicionamento francês, de acordo com as autoridades locais, é a forma com a qual o Brasil está lidando com a política ambiental. Macron disse nesta sexta-feira que, diante do atual cenário, a França se opõe ao acordo de livre comércio entre UE e Mercosul.
"Tendo em conta a atitude do Brasil nas últimas semanas, o presidente da República observa que o presidente Bolsonaro mentiu para ele na cúpula (do G-20) de Osaka", disse o governo francês em nota.
A presidência francesa acredita que Bolsonaro decidiu não respeitar seus compromissos climáticos. "Sob essas condições, a França se opõe ao acordo do Mercosul (com a UE) no estado atual", complementa a nota.
O primeiro-ministro da Irlanda, Leo Varadkar, também ameaçou votar contra o acordo comercial entre a União Europeia e o Mercosul se o Brasil não respeitar seus "compromissos ambientais".
"De maneira alguma a Irlanda votará a favor do acordo de livre comércio UE-Mercosul se o Brasil não cumprir seus compromissos ambientais", declarou Varadkar em comunicado divulgado na quinta-feira à noite.
Varadkar se disse "muito preocupado porque neste ano houve níveis recordes de destruição por incêndios na floresta amazônica", e considerou que "os esforços do presidente Bolsonaro para culpar ONGs ambientalistas pelos incêndios são orwellianos", aludindo ao escritor inglês George Orwell (1903-1950) e à sua denúncia sobre totalitarismos.
Após 20 anos de negociações, Argentina, Brasil, Paraguai e Uruguai assinaram recentemente com a UE um Acordo de Associação que inclui seções de diálogo político e comercial.
Para entrar em vigor, porém, os países do bloco europeu ainda precisam do aval do Legislativo de cada um e do Parlamento Europeu, um procedimento que pode levar dois anos.
"Ao longo dos dois anos, vamos monitorar de perto as ações ambientais do Brasil", advertiu Varadkar.
Já o governo da Finlândia pediu nesta sexta-feira que a UE avalie a possibilidade de banir a carne bovina brasileira devido à devastação causada pelas queimadas na Amazônia. O Brasil é o maior exportador de carne do mundo.
“O ministro das Finanças, Mika Lintila, condena a destruição da Floresta Amazônica e sugere que a UE e a Finlândia devem considerar urgentemente a possibilidade de banir a importação de carne bovina brasileira”, informou o Ministério das Finanças em comunicado.
O Reino Unido, por sua vez, disse estar “profundamente entristecido pelo aumento de incêndios na floresta amazônica“. “O impacto da trágica perda desses preciosos habitats será sentido em todo o mundo", disse o governo britânico.
Mas as autoridades britânicas reforçaram seu compromisso com financiamentos de programas de proteção ambiental no Brasil. "Continuamos comprometidos em proteger as florestas tropicais do mundo e continuaremos a fazê-lo no Brasil por meio de nossos programas internacionais de financiamento climático”, disseram em nota.
Bolsonaro se reuniu com oito ministros para discutir medidas a serem anunciadas nesta sexta-feira contra as queimadas.