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ALERTA: Protestos ameaçam governo Bolsonaro com o risco de um rápido desgaste

  • AFP
  • 16 de mai. de 2019
  • 2 min de leitura



Os protestos de quarta-feira (15) em todo Brasil devem servir de advertência para o presidente Jair Bolsonaro sobre uma crise de governabilidade criada por seu próprio governo em menos de cinco meses de gestão, afirmam os analistas.


O anúncio de bloqueios dos fundos de financiamento para a Educação levou centenas de milhares de pessoas em todo o país para as ruas, em cenas que para muitos brasileiros evocam os protestos de 2013 contra o aumento dos preços dos transportes.


Na quarta-feira também foram ouvidas inúmeras reivindicações contra a reforma previdenciária e a liberalização do porte de armas, peças essenciais do programa eleitoral do ex-militar.


“Estas manifestações enfraquecem o governo. Ele já vinha sozinho se enfraquecendo com brigas internas, mas elas acontecem pelo fato de o governo provocar a sociedade…”, disse à AFP Cláudio Couto, da Fundação Getúlio Vargas (FGV).


A comunidade acadêmica ficou revoltada quando o ministro da Educação, Abraham Weintraub, anunciou o bloqueio de parte do orçamento de três universidades que “promovem balbúrdia” acolhendo debates com personalidades de esquerda.


Após ser criticado pelo caráter ideológico da medida, o ministro ampliou o “contingenciamento” a todas as instituições federais de ensino.

– Risco de ‘tempestade perfeita’ –


Segundo Couto, o governo Bolsonaro, que vive em permanentes marchas e contramarchas, “caminha na direção de se tornar inviável”.


“Temos uma economia paralisada, as ruas mais mobilizadas, perda de apoio no Congresso. É a tempestade perfeita para a queda do presidente”, destaca.

“Só falta um escândalo envolvendo o governo, que poderia vir das relações da família Bolsonaro com as milícias do Rio de Janeiro”, se aventura o cientista político, que acredita, no entanto, que um ponto sem retorno ainda não foi alcançado.


Muitos aliados aconselham Bolsonaro a sair do clima de campanha adotando medidas que não satisfaçam apenas seu eleitorado mais radical.

Mas esse momento não parece ter chegado ainda.


O presidente tratou os manifestantes de quarta-feira como “idiotas úteis”, usados como “massa de manobra” pelos partidos de esquerda.

“A tendência [de Bolsonaro] é fechar a porta ao diálogo e radicalizar ainda mais”, avaliou Couto.


A agitação nas ruas se soma às divisões da base aliada no Congresso, onde avança com dificuldade a reforma da Previdência, apresentada como essencial para recuperar a confiança dos investidores e reduzir o déficit público.


O ministro da Economia, Paulo Guedes, reduziu na terça-feira a previsão de crescimento econômico em 2019 de 2,2% para 1,5% e pediu aos legisladores que acelerem as reformas, alertando que o Brasil está “no fundo do poço”.


– O despertar da oposição –

A crise na Educação recordou aos brasileiros a existência da oposição, praticamente ausente desde a vitória eleitoral de Bolsonaro, em outubro passado, avalia Thomaz Favaro, analista político da consultoria Control Risks.


“As manifestações devem empoderar a oposição e incentivá-la a adotar uma postura mais contundente contra o governo”, mas o processo deve ser lento, diante das divergências entre os partidos de esquerda, destaca.


“O governo está fraco, mas a oposição também”, concorda Couto.

 
 
 
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