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AGORA: Criticado por Bolsonaro, turismo gay cresceu 11% no Brasil

Setor, que gera receitas de US$ 218 bilhões no mundo, avançou mais no país do que o turismo geral em 2017

Embora o presidente Jair Bolsonaro tenha declarado, na quinta, que o Brasil “não pode ser um país do mundo gay, do turismo gay ”, um estudo do Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) revela que o público LGBT é um dos segmentos de maior potencial de faturamento econômico para o setor do turismo no país. Segundo o levantamento, publicado no início do ano, o Brasil é o país da América Latina com maior potencial de crescimento de receitas com o turismo gay. Em 2017, o setor registrou alta de cerca de 11% no país, enquanto o turismo de modo geral subiu 3,5%.


Segundo a consultoria Out Now, o turismo LGBT movimenta anualmente US$ 218 bilhões (R$ 856,72 bilhões na cotação atual).


Outro estudo, feito em 2015 pela associação Out Leadership, voltada para iniciativas ao público gay, indicou que o potencial financeiro do segmento LGBT era estimado em US$ 133 bilhões (R$ 418,9 bilhões na cotação da época). Ao fazer criticas a essa parcela do ramo turístico, durante um café da manhã com jornalistas no Palácio do Planalto, Bolsonaro completou seu argumento com a frase “temos famílias”. Bolsonaro afirmou ainda que os turistas seriam bem recebidos se buscassem outros objetivos.


— Quem quiser vir aqui fazer sexo com uma mulher, fique à vontade. Agora, (o Brasil) não pode ficar conhecido como paraíso do mundo gay — declarou.


O estudo do Sebrae aponta que o turismo LGBT poderia movimentar o mercado de serviços, incluindo modelos de negócio específicos, como cruzeiros marítimos, paradas e festas temáticas e viagens de lua de mel. Desde 2013, quando foi aprovado o casamento civil homoafetivo, até o final de 2017, o Brasil já realizou 19.522 casamentos entre dois homens ou duas mulheres.


O Sebrae também destacou eventos que contribuem para gerar oportunidades de negócios voltados para o turismo gay no Brasil. A Parada do Orgulho LGBT de São Paulo, por exemplo, é considerada uma das maiores do mundo. Em 2018, cerca de três milhões de pessoas se reuniram para participar da festa, na Avenida Paulista, gerando uma receita de R$ 190 milhões.


Outras festas nacionais também atraem turistas de diversas regiões, como a San Island Weekend, na Bahia, que reúne cerca de quatro mil pessoas; o Miss Brasil Gay, que acontece todos os anos em Minas Gerais; e o Hell & Heaven, maior festival brasileiro de música eletrônica voltado para o público gay.


“É importante que as empresas conheçam bem e estejam preparadas para atender e trabalhar com esse público. De forma geral, esse turista é considerado como mais exigente quando busca algum tipo de serviço e/ou produto”, ressalta o estudo.



Um dos conceitos difundidos pelo Sebrae é o de país “gay-friendly” – amigável a gays, em tradução livre. O termo é utilizado para fazer referência a locais, políticas e instituições que oferecem ambiente aberto, agradável, receptivo e confortável para o público LGBT. Em 2018, foi firmado um acordo entre o Ministério do Turismo, o Instituto Brasileiro de Turismo (Embratur) e a Câmara de Comércio e Turismo LGBT do Brasil para promover e apoiar a divulgação do Brasil, nacional e internacionalmente, como um destino “gay-friendly”.


“Essa iniciativa tem como objetivo conscientizar e sensibilizar aqueles que prestam serviços relacionados ao turismo a reconhecer o potencial desse público e, mais do que isso, a respeitar e evitar qualquer tipo de preconceito no atendimento a pessoas LGBT”, diz o Sebrae.

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