Somente a partir do dia 22, vacinação será ampliada a idosos e outros grupos vulneráveis; objetivo é que grávidas e crianças atualizem quadro de vacinas
A campanha nacional de vacinação contra a gripe começa nesta quarta-feira (10) exclusiva a grávidas, puerpérias (com até 45 dias após o parto) e crianças entre 6 meses e 6 anos.
A partir do dia 22, a imunização será ampliada a outros grupos também considerados vulneráveis à doença - que apresentam maior risco de complicações -, que são idosos, profissionais da saúde, professores, pessoas com doenças crônicas, indígenas, presidiários e adolescentes que cumprem medidas socioeducativas.
O pediatra Juarez Cunha, presidente da SBIm (Sociedade Brasileira de Imunizações) afirma que a escolha de crianças e grávidas como grupos prioritários na campanha é uma estratégia para o aumento da cobertura vacinal no país. "Como há baixa cobertura vacinal tanto para crianças quanto para grávidas, esse período da campanha deve ser aproveitado para pôr em dia outras vacinas que estão faltando", diz.
Em relação às crianças, as vacinas recomendadas variam de acordo com a idade. Já para grávidas, é indicada a vacina tríplice bacteriana, que protege contra coqueluche, difteria e tétano, e deve ser tomada com 20 semanas de gestação, segundo Cunha. "A vacina contra hepatite B também é recomenda para as grávidas que nunca tomaram a vacina", diz.
De acordo com ele, a vacina da gripe pode ser ministrada no mesmo momento que outros imunizantes. "As grávidas podem tomar a vacina da gripe em qualquer período da gestação", ressalta.
Na primeira vez, criança deve tomar duas doses
Ele explica que as crianças são a maior prioridade na vacinação contra a gripe, pois, além de vulneráveis, são as principais transmissoras da doença.
"Elas são os principais vetores da gripe pela vulnerabilidade própria da idade. A falta de maturidade imune leva a uma maior frequência de doenças respiratórias. Portanto, iniciando a campanha com as crianças, diminuem as possiblidades de elas ficarem doentes e infectarem outras pessoas. Estudos mostram que vacinar as crianças protege contra outras faixas etárias", explica.
O médico afirma que crianças entre 6 meses e 9 anos que nunca tomaram a vacina da gripe, devem tomar duas doses, com intervalo de um mês entre elas, da primeira vez.
"O objetivo é reforçar a resposta imunológica da vacina. O esquema de duas doses é recomendado somente na primeira vez que a criança está recebendo a vacina tanto na rede pública, com a trivalente, assim como na rede privada, com a quadrivalente. Nas vacinações posteriores, será necessária apenas uma dose", afirma.
Vacina não evita gripe, mas complicações
Ele explica que nos extremos - crianças e idosos - existe uma menor eficácia da vacina, mas, em relação a complicações, é uma proteção muito boa. "O principal objetivo da imunização nesses grupos não é para evitar a gripe, mas sim para proteger de suas complicações. Tomar a vacina não significa que a pessoa não possa ficar gripada. A tendência é ter um quadro mais leve e não ter as complicações importantes".
A eficácia da vacina da gripe é, em média, de 60% a 70%. Para idosos, cai para 40% e, para crianças, para 50%. "Mas, mesmo com uma eficácia menor, o que se demonstra é que pessoas vacinadas desses grupos têm uma melhor evolução dos quadros gripais, com menor chance de complicações e menor chance de morte", explica.
Gripe matou 50 pessoas este ano
O vírus da gripe prevalente no país nesta temporada, até o momento, é o H1N1, de acordo com o presidente da SBIm.
Desde o início do ano, 50 pessoas morreram em decorrência da gripe, sendo 38 pelo vírus H1N1. Entre os 232 casos notificados de gripe, 145 são do vírus H1N1, segundo o Ministério da Saúde.
Ainda não se sabe se o vírus desta temporada será mais forte ou mais fraco do que na passada. Cunha aponta que isso está relacionado às mutações que ele sofre. "O grande problema do vírus é quando tem uma grande mutação, como aconteceu em 2009, com o H1N1, que gerou uma pandemia. Mas tudo indica que não teremos um vírus como em 2009", diz.
O que houve, até o momento, foi uma antecipação da sazonalidade da gripe no Amazonas, segundo ele, onde a população ainda não estava protegida, resultando em um surto da doença. A vacinação no Estado teve início em 18 de março. Nos demais Estados os casos de gripe estão dentro do esperado.