Em nota, o Exército afirma que os dois abriram fogo contra a guarnição, 'que revidou a injusta agressão'
Um homem morreu e seu sogro ficou ferido após nove militares do Exército atirarem no carro em que estavam, na Estrada do Camboatá, em Guadalupe (na Zona Norte), por volta das 14h30m de ontem. Segundo a Polícia Civil, foram feitos mais de 80 disparos. Parentes e amigos alegam que as vítimas foram confundidas com bandidos.
Em nota, o Exército afirma que os dois abriram fogo contra a guarnição, “que revidou a injusta agressão”. Um pedestre que passava pela via também ficou ferido. O caso é investigado pela Delegacia de Homicídios da Capital.
O delegado Leonardo Salgado, da Delegacia de Homicídios do Rio de Janeiro, disse, neste domingo, que "tudo indica" que os militares do Exército atiraram ao confundirem o carro com o de assaltantes.
— Foram diversos, diversos disparos de arma de fogo efetuados, e tudo indica que os militares realmente confundiram o veículo com um veículo de bandidos. Mas neste veículo estava uma família. Não foi encontrada nenhuma arma [no carro]. Tudo que foi apurado era que realmente era uma família normal, de bem, que acabou sendo vítima dos militares — afirmou o delegado em entrevista à TV Globo.
O homem que morreu foi identificado como Evaldo dos Santos Rosa, de 51 anos, que trabalhava como músico e segurança. Seu sogro, de acordo com parentes, se chama Sérgio. Também estavam no carro a mulher e o filho de Evaldo, de 7 anos, além de uma afilhada do casal, de 13. A família estava a caminho de um chá de bebê.
— Quando eles ( os militares ) começaram a atirar, minha tia pegou meu primo no colo e mostrou que era um carro de família, mas não pararam — relatou um sobrinho de Evaldo.
Não foram divulgadas informações sobre o estado de saúde de Sérgio e do pedestre ferido. Segundo um amigo da família dos ocupantes do carro, que preferiu não se identificar, Evaldo e o sogro estavam nos bancos da frente; a mulher, o filho e a afilhada do motorista viajavam no traseiro.
— O menino saiu sem ferimentos, mas a mulher de Evaldo está dopada. Ficou muito abalada com a morte dele — disse o amigo da família, acrescentando que não houve troca de tiros.
O homem que morreu era músico e foi o primeiro cavaquinista do grupo de samba "Remelexo da cor", segundo a página do conjunto no Facebook, que publicou uma nota de pesar na noite deste domingo. "Olho pro céu e peço a Deus que mande a paz do sentimento verdadeiro dos mortais. Aqui embaixo o pesadelo está, demais, demais", diz trecho do post.
Nas redes sociais, dezenas de moradores da região fizeram postagens defendendo que os dois homens que estavam no carro e foram alvejados são inocentes e foram baleados por engano. Vídeos que circulam mostram um clima tenso entre militares e moradores.