top of page

HOJE: Anunciada como 'número dois' do MEC, Iolene Lima diz que não seguirá no cargo

  • G1.COM
  • 22 de mar. de 2019
  • 4 min de leitura


Número dois do MEC diz que não seguirá no cargo



Oito dias após ter sido anunciada pelo ministro Ricardo Vélez Rodríguez como secretária-executiva do Ministério da Educação, cargo considerado o "número dois" dentro do MEC, Iolene Lima informou, no início da madrugada desta sexta-feira (22), que não seguirá na pasta.


“Diante de um quadro bastante confuso na pasta, mesmo sem convite prévio, aceitei a nova função dentro do ministério. Novamente me coloquei à disposição para trabalhar em prol de melhorias para o setor. No entanto, hoje, após uma semana de espera, recebi a informação que não faço mais parte do grupo do MEC”, postou ela em sua conta no Twitter (leia a íntegra da mensagem ao fim da reportagem).


A nomeação de Iolene nem chegou a ser publicada no Diário Oficial da União, mas ela acompanhou o ministro Rodríguez em compromissos públicos. Entre eles, esteve ao lado do ministro quando Rodríguez foi a Suzano prestar solidariedade às vítimas do ataque a tiros em uma escola.



Crise no ministério

O ministro Ricardo Veléz Rodríguez está no centro de uma crise política e está sendo alvo de pressões para deixar o posto.

Veja abaixo o resumo e, em seguida, a explicação mais detalhada do caso:

  • O ministro Rodríguez foi indicado pelo escritor de direita Olavo de Carvalho

  • Ele montou o ministério com civis e militares

  • Rodríguez é criticado pela falta de resultados e por polêmicas como a do hino nacional

  • Houve críticas sobre a influência do coronel-aviador Ricardo Roquetti, um dos principais assessores do ministro Rodríguez

  • Uma das polêmicas mais recentes envolve uma carta enviada às escolas com o slogan de campanha do Bolsonaro e com o pedido de filmagem de menores

  • Bolsonaro determinou que o ministro fizesse demissões

  • Luiz Antônio Tozi deixou o cargo de secretário-executivo

  • Rubens Barreto da Silva assumiu o lugar de Tozi como secretário-executivo

  • Dias depois, o ministro anunciou Iolene Lima para o cargo de secretária-executiva

  • Sem ter sido nomeada oficialmente, Iolene anunciou que não fazia mais parte do MEC

Rodríguez foi indicado para o cargo pelo guru do governo Bolsonaro, Olavo de Carvalho. O escritor de direita também indicou vários assessores para ocupar cargos dentro do Ministério da Educação. Só que o ministro também nomeou militares para sua equipe, que entraram em confronto com o grupo de seguidores de Olavo de Carvalho, chamados de “olavetes”.


Em meio à disputa interna, Rodríguez se envolveu em muitas polêmicas. A mais recente delas aconteceu em 25 de fevereiro, quando o ministro enviou uma carta às escolas de todo o país pedindo que as crianças fossem filmadas cantando o Hino Nacional.


O Estatuto da Criança e do Adolescente veta a divulgação de imagens de menores de idade sem autorização dos pais. Na carta, o ministro ainda reproduzia o slogan de campanha de Jair Bolsonaro, o que pode ferir a Constituição de acordo com o artigo 37, que diz que a administração pública de qualquer um dos poderes deve seguir os princípios da "legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência".


“Brasileiros! Vamos saudar o Brasil dos novos tempos e celebrar a educação responsável e de qualidade a ser desenvolvida na nossa escola pelos professores, em benefício de vocês, alunos, que constituem a nova geração. Brasil acima de tudo. Deus acima de todos!”, dizia a carta.


O Ministério Público Federal em Brasília informou que vai apurar se o ministro cometeu improbidade administrativa.


Para tentar acabar com a guerra interna, o presidente Jair Bolsonaro determinou que o ministro demitisse não só assessores ligados a Olavo de Carvalho mas também militares que estavam gerando insatisfação no escritor e guru do governo atual. Foram seis exonerações no ministério.


Na Secretaria-Executiva, essa seria a segunda mudança de nome para o cargo em apenas três meses de governo.


Até terça (12), o secretário-executivo do MEC era Luiz Antônio Tozi. Ele foi demitido como último ato de uma "reestruturação" promovida pelo ministro.

Com a saída de Tozi, o nome de Rubens Barreto da Silva chegou a ser anunciado por Rodríguez, também em rede social. A nomeação de Barreto no cargo, no entanto, não chegou a ser publicada no Diário Oficial da União.


Confira a íntegra do anúncio de Iolene Lima:

Aos meus amigos e colegas:

Depois de cinco anos à frente da direção do colégio que ajudei a fundar, deixei meu emprego a fim de aceitar um convite para, junto com outros profissionais, servir ao meu país, colaborando para um ideal que acredito: um Brasil melhor por meio da educação.


Todavia, diante de um quadro bastante confuso na pasta, mesmo sem convite prévio, aceitei a nova função dentro do ministério. Novamente me coloquei à disposição para trabalhar em prol de melhorias para o setor. No entanto, hoje, após uma semana de espera, recebi a informação que não faço mais parte do grupo do MEC,. Não sei o que dizem mas confio que Deus me guardará e guiará! Desejo ao governo do nosso Presidente Bolsonaro e ao Ministro Ricardo Vélez, o melhor! E obrigada a todos que oraram por mim e me apoiaram neste desafio! Foram milhares de mensagens de apoio! Que Deus abençoe nossa nação!

Meu abraço, Iolene Lima!


Quem é Iolene Lima

Iolene Maria de Lima é ligada a uma igreja batista do Interior de São Paulo e foi diretora de um colégio religioso paulista. Na madrugada do dia 13 de fevereiro ela embarcou com o ministro para acompanhar o velório coletivo das vítimas do atentado em uma escola de Suzano (SP).


Durante a viagem, ela criou uma nova conta no Twitter que, até a tarde do dia 14 contava com apenas três mensagens, todas relacionadas à tragédia em Suzano. O único post feito após a tragédia foi o do anúncio da saída do MEC.


Quando foi anunciada para o cargo de secretária-executiva, Iolene publicou na sua conta no Twitter: "Muito obrigada, Ministro @ricardovelez e Presidente @jairbolsonaro. Dediquei minha vida para a área da educação e me sinto honrada. É com grande alegria que assumo o cargo de tamanha importância para a educação do nosso país!", escreveu Iolene.


Na conta anterior dela – que foi desativada, mas ainda pode ser acessada no histórico do Google –, o foco de Iolene era em mensagens religiosas e de apoio ao presidente Jair Bolsonaro. Em uma delas, ela dizia que "O Brasil não será uma Venezuela".

 
 
 
bottom of page