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ÚLTIMA HORA: Previdência privada perdeu mais de 200 mil participantes em 2018



Além da saída de pessoas do sistema, houve também redução da captação de recursos dos clientes ativos

despeito do amplo debate durante o período eleitoral sobre a reforma do sistema público de aposentadorias, o setor de previdência privada aberta amargou a perda de 224 mil participantes no ano passado. Dados da Federação Nacional de Previdência Privada e Vida (FenaPrevi) mostram que o ano passado terminou com 13,1 milhões de contribuintes em fundos privados. Além da saída de pessoas do sistema, a captação entre os clientes ativos também caiu mais de 30% em relação da 2017.


A Federação explica a contração do setor por dois fatores principais: a queda do juro básico no País, que diminuiu a atratividade do segmento, e a instabilidade gerada pelas eleições. Essa retração foi observada no comportamento das pessoas físicas e nos planos empresariais.


O setor privado também viu a captação líquida (diferença de depósitos e resgates) diminuir pelo segundo ano consecutivo como consequência do contexto econômico. Foram R$ 39,5 bilhões, cifra 30,64% inferior a de 2017. É ainda o menor patamar desde 2013, quando o setor também sentiu o impacto da volatilidade no mercado financeiro.


Apesar da menor captação e da queda no número de participantes, o novo presidente da FenaPrevi, Jorge Nasser, diz que o setor se mostrou "resiliente" em 2018. "No ano passado, o desemprego não teve a melhora que se apontava. Foi um ano eleitoral com uma série de incertezas e a economia ainda com uma recuperação muito lenta. O sistema como um todo se mostrou resiliente frente a este cenário, com reservas crescentes", afirma o executivo, que assumiu a presidência da FenaPrevi no mês passado para o triênio entre 2019 e 2021. Executivo de carreira do Bradesco, ele também é presidente da Bradesco Vida e Previdência.


Apesar da queda na captação líquida, as reservas dos planos de previdência privada aberta cresceram 10,54% no ano passado frente a 2017, totalizando R$ 836 bilhões. Nos últimos cinco anos, este saldo apresentou expansão em média 12% ao ano.


Para dar saltos maiores, o setor de previdência privada aberta depende, de acordo com ele, do teor da reforma da aposentadoria oficial e quando será implementada pelo governo de Jair Bolsonaro. "Dependendo do novo teto (de idade), do tipo de reforma e o prazo, temos um mercado que vai apontar para um potencial de crescimento", destaca, sem dar números.


A relação, entretanto, não é direta, mas a implementação da reforma da Previdência deve contribuir para elevar a educação financeira e a preocupação com a poupança de longo prazo dos brasileiros, beneficiando, assim, a previdência privada. Primeiro, as pessoas têm de entender o que ocorrerá com o INSS, segundo Nasser.


Retorno. A boa notícia que deve se estender para 2019, de acordo com Nasser, é o maior apetite por risco das pessoas que detêm planos de previdência em uma ofensiva para obter retornos melhores e compensar a queda dos juros no País, cuja tendência é de estabilidade em 6,5% ao ano em 2019 e 2020.


Neste contexto, a parcela de ativos de fundos ligados às modalidades PGBL (para quem declara o imposto de renda no modelo completo) e VGBL (IR simplificado) alocada em multimercados, que combinam diversas estratégias de investimento, dobrou em dois anos, chegando a 10,4% no ano passado ante 5,7% em 2016. Já o peso da renda fixa caiu de 91,2% para 86,5%, na mesma base de comparação.


"Além da venda consultiva ter aumentado em uma tentativa de buscar melhores retornos, temos um total de aportes que passa a ter a visão de elevar o potencial de rendimento e de rentabilidade das carteiras."

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