A família de Fabrício Queiroz, o ex-assessor do enrolado Flávio Bolsonaro, é dona de uma van que faz transporte irregular em Rio das Pedras. A comunidade é dominada pela milícia, que, ontem, foi alvo de operação da polícia e do MP estadual que prendeu um major da PM e mais quatro pessoas.
Escutas telefônicas feitas pelo Ministério Público e autorizadas pela Justiça na Operação Os Intocáveis, que prendeu cinco pessoas nesta terça-feira (22), revelam ameaças de milicianos contra quem contrariava seus interesses. Gravações também mostram a rotatividade forçada em imóveis controlados pela quadrilha.
O grupo é suspeito de comprar e vender imóveis construídos ilegalmente na Zona Oeste do Rio, além de crimes relacionados à ação da milícia nas comunidades de Rio das Pedras, Muzema e adjacências, como agiotagem, extorsão de moradores e comerciantes, pagamento de propina e utilização de ligações clandestinas de água e energia.
Denúncias anônimas encaminhadas ao Ministério Público também dizem que os milicianos agrediam quem não concordasse com seus métodos. A cobrança de taxas referentes à internet clandestina (R$ 50), tv a cabo (R$ 70), gás (R$ 90) e “gatos” de luz (R$ 100) também é frequentemente citada no Disque Denúncia.
Queiroz se escondeu em favela
A coluna de Lauro Jardim, de O Globo, informou na segunda-feira (21) que Fabrício Queiroz se escondeu em uma casa na favela de Rio das Pedras, na Zona Oeste do Rio. Em 7 de dezembro de 2018, um dia depois de Fabio Serapião, repórter de O Estado de S.Paulo, ter divulgado que Queiroz havia movimentado, de forma “atípica”, R$ 1,2 milhão (na realidade, depois veiculou-se que eram R$ 7 milhões) entre 2016 e 2017, o ex-assessor do filho do presidente desapareceu. Trata-se da segunda maior favela da cidade e totalmente dominada pela milícia mais antiga da cidade.
Somente no dia 20 de dezembro, Queiroz foi para São Paulo, com o objetivo de se internar no Hospital Albert Einstein, para tratar de câncer.
Foi justamente nessas duas semanas que separaram ambos eventos que Queiroz se abrigou em território dominado pela milícia no Rio.
Denunciados e presos
Maurício Silva da Costa, o tenente reformado conhecido como Maurição, Careca, Coroa ou Velho – preso
Ronald Paulo Alves Pereira, o major da PM conhecido como Major Ronald ou Tartaruga; segundo as investigações, é chefe da milícia da Muzema e grileiro nas regiões de Vargem Grande e Vargem Pequena – preso
Laerte Silva de Lima – preso
Manoel de Brito Batisa, o Cabelo – preso
Benedito Aurélio Ferreira Carvalho, o Aurélio – preso
Adriano Magalhães da Nóbrega, Adriano ou Gordinho, ex-capitão do Bope;
Daniel Alves de Souza;
Fabiano Cordeiro Ferreira, o Mágico;
Fábio Campelo Lima;
Gerardo Alves Mascarenhas, o Pirata;
Jorge Alberto Moreth, o Beto Bomba;
Júlio Cesar Veloso Serra;
Marcus Vinicius Reis dos Santos, o Fininho.