O Ministério Público Federal em Brasília requereu a condenação do ex-deputado federal pelo crime de corrupção passiva
Em alegações finais no processo envolvendo a mala dos R$ 500 mil da JBS, o procurador Carlos Henrique Martins Lima afirmou que Rodrigo da Rocha Loures, ex-assessor da Presidência da República, representava um ‘canal direto e confidencial’ entre o ex-presidente Michel Temer (MDB) e delatores da JBS. O Ministério Público Federal em Brasília requereu a condenação do ex-deputado federal pelo crime de corrupção passiva.
Em abril de 2017, Rocha Loures foi filmado em ação controlada da Polícia Federal recebendo uma mala com R$ 500 mil do executivo da JBS, Ricardo Saud. Ele foi um dos alvos da Operação Patmos, deflagrada em maio daquele ano, com base na delação da holding. Ele foi denunciado, ao lado de Michel Temer, pela suposta propina. No entanto, para o ex-presidente, a abertura de ação foi barrada em votação na Câmara Federal. Como não tinha mais foro privilegiado, Rocha Loures passou a se defender do processo na 10ª Vara Federal de Brasília.
Segundo o procurador, Loures se tornou um intermediário entre Temer e os delatores na medida em que avançavam as investigações sobre a JBS. “Assim, a indicação de Rodrigo Loures ocorreu por interesse de Joesley Batista e sob o aval de Michel Temer, atendendo à necessidade de manutenção de canal de comunicação direto e confidencial, capaz de projetar a autoridade da Presidência para a intervenção não republicana em organizações da estrutura estatal, aos interesses escusos de Joesley Batista”.
“A conversação entre ambos [Joesley e Temer, no Palácio do Jaburu] naquela ocasião denota essa necessidade e a escolha que recai sobre Rodrigo Loures, na medida que outros nomes anteriormente utilizados, por motivos de investigações em curso, não poderiam mais ser empregados”, anotou.
De acordo com o procurador, ‘restou demonstrando que o réu Rodrigo Santos da Rocha Loures agiu com vontade livre e consciente e recebeu vantagem indevida para Michel Elias Temer, em virtude da condição deste de chefe do Poder Executivo, materializado no valor de R$ 500.000,00, além da promessa de prestações semanais’.
Rocha Loures foi denunciado supostamente agir em nome de Temer e na condição de “homem de confiança” do presidente para interceder junto à diretoria do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) – órgão antitruste do governo federal – em benefício da JBS. Delatores da JBS dizem que foi prometida uma “aposentadoria” de R$ 500 mil semanais durante 20 anos ao peemedebista e ao presidente Temer.