Sob forte escolta, ele foi levado do presídio para a sede do órgão. Promotores precisam concluir, até domingo, denúncia contra o médium, que nega as acusações.
Suspeito de abusos sexuais, João de Deus presta depoimento, nesta quarta-feira (26), na sede do Ministério Público de Goiás, em Goiânia. Os promotores precisam ouvi-lo para concluir a primeira denúncia contra o médium e encaminhá-la para o Poder Judiciário, o que precisa ser feito, no máximo, em até quatro dias, devido ao prazo legal. O médium nega ter cometido crimes durante atendimentos espirituais em Abadiânia.
João de Deus está preso no Complexo Prisional de Aparecida de Goiânia, na Região Metropolitana da capital, e saiu, sob forte escolta, para a sede do órgão. O trajeto dutou 15 minutos.
O médium chegou por volta das 10h ao MP-GO. No local, os agentes se posicionaram de forma com que não fosse possível filmar o momento em que o investiado desceu do carro e entrou no prédio. O depoimento começou cerca de 40 minutos depois.
Os promotores iniciaram uma força-tarefa para apurar as denúncias contra o médium após relatos de mulheres virem à tona no programa Conversa com Bial, no início de dezembro. Até a manhã desta quarta-feira, o MP-GO recebeu quase 600 denúncias, por e-mail, contra o médium.
Do total de relatos, a força-tarefa colheu 77 depoimentos de mulheres. Outra pessoa deve ser ouvida nesta tarde.
Assim como o MP-GO, a Polícia Civil de Goiás montou uma força-tarefa para apurar os crimes. Os policiais receberam 16 denúncias, sendo que nove viraram inquéritos.
Um dos procedimentos já foi concluído e indiciou o médium por violação sexual mediante fraude. Conforme a investigação, o caso aconteceu em 24 de setembro e se trata do registro mais recente contra João de Deus.
Os promotores vão juntar o inquérito que a Polícia Civil concluiu com outros três relatos que recebeu para oferecer a primeira denúncia contra o médium. O documento precisa ser entregue ao Poder Judiciário até domingo (30), que é o prazo legal.
João de Deus está preso desde o dia 16 de dezembro, quando se entregou à Polícia Civil. Ele está detido no Núcleo de Custódia do Completo Prisional de Aparecida de Goiânia, onde dorme sozinho, mas passa o dia em uma cela com outros quatro presos.
Operações da Polícia Civil e do MP-GO realizadas, em duas ocasiões, encontraram R$ 1,6 milhão em espécie, armas, medicamentos e pedras que parecem ser preciosas em endereços ligados a João de Deus. Devido às apreensões, o médium teve um 2º mandado de prisão deferido, desta vez por posse ilegal de arma de fogo.
O jornal "O Globo", a TV Globo e o G1 têm publicado nos últimos dias relatos de dezenas de mulheres que se sentiram abusadas sexualmente pelo médium. Não se trata de questionar os métodos de cura de João de Deus ou a fé de milhares de pessoas que o procuram.