Investigação chegou a ser aberta, mas não ouviu nenhum suspeito e foi prescrito sem saber se médium é culpado ou inocente
Em 1996, um ex-funcionário de João Teixeira de Faria, médium conhecido como João de Deus que teve centenas de mulheres o acusando de abuso sexual nas últimas semanas, acusou o líder espiritual de tortura e mencionou que ambos atuaram juntos em tráfico de cocaína. As informações são da revista Veja que conseguiu o processo com as declarações de Antonio Alves, que atuou com o médium há mais de vinte anos.
O processo traz depoimentos de três homens presos por tráfico e furto na casa Dom Inácio de Loyola, centro espiritual administrado por João Teixeira de Faria. Um deles aponta que o caso, em si, foi uma armação para um acerto de contas já que eles tinham deixado de trabalhar com o médium e um deles tinha arranjado briga com um de seus seguranças. Antonio Alves afirmou no processo que "trabalhou com João Curador há mais ou menos seis anos, sendo que traficava com o mesmo cocaína" e que, após ser detido no que chamou de uma armação feita por João de Deus, teria tido um "interrogatório junto à Delegacia de Polícia (que) foi colhido pelo Sr. João Curador, inclusive lhe espancou e ameaçou com o uso de uma pistola" e que umas das testemunhas presentes o torturou.
A revista aponta que um juiz do Ministério Público pediu a instauração de um inquérito que acabou não se desenvolvendo por oito anos até sua prescrição. Durante este tempo, os investigadores não chegaram a ouvir as vítimas sem poder dizer se João Teixeira de Faria era culpado ou inocente.