General Richard Nunes contou que crime estava sendo planejado desde 2017. Assassinato da vereadora completa nove meses nesta sexta-feira (14)
O secretário da Segurança Pública do Rio de Janeiro, general Richard Nunes, afirmou que a vereadora Marielle Franco (PSOL) foi morta por milicianos que acreditaram que ela pudesse atrapalhar negócios ligados à grilagem de terras na zona oeste da capital fluminense. Em entrevista ao jornal "O Estado de S. Paulo", Nunes contou ainda que o crime estava sendo planejado desde 2017. Nesta sexta-feira (14), o assassinato da vereadora e do morotista Anderson Gomes completa nove meses.
Segundo o general, as investigações apontam que o trabalho da vereadora para conscientizar moradores da região sobre a posse de terras incomodou paramilitares que ocupavam e loteavam terrenos ilegalmente. Mas, para ele, os envolvidos no crime superestimaram o papel que Marielle poderia desempenhar.
“Ela estava lidando em determinada área do Rio controlada por milicianos, onde interesses econômicos de toda ordem são colocados em jogo. No momento em que determinada liderança política, membro do legislativo, começa a questionar as relações que se estabelecem naquela comunidade, afeta os interesses daqueles grupos criminosos. O que leva ao assassinato da vereadora e do motorista é essa percepção de que ela colocaria em risco naquelas áreas os interesses desses grupos criminosos”, declarou ao jornal.
Nunes voltou a defender que a polícia trabalha para produzir provas cabais para que o inquérito seja enviado para a Justiça de maneira que assegure que os denunciados não sejam inocentados. Segundo ele, centenas de depoimentos foram colhidos e já há 19 volumes de investigação. Contudo, ainda não há previsão de quando os nomes serão revelados.
Operação
Na quinta-feira (13), a Polícia Civil cumpriu mandados de prisão e buscas relacionados às investigações em Angra dos Reis, Nova Iguaçu e Petrópolis, no Estado do Rio, e em Juiz de Fora, em Minas Gerais.
Ao menos um carro foi apreendido na operação. O veículo Dodge V6, de cor vermelha e com placa de Taubaté (SP), foi examinado rapidamente por agentes em frente à DH (Divisão de Homicídios).
Os policiais verificaram motor, vidros e o interior do carro. O R7 fez uma consulta ao site do Detran-SP e o veículo não consta no sistema como produto de furto ou roubo.
Também na quinta, o chefe da Polícia Civil do Rio de Janeiro, Rivaldo Barbosa, afirmou que o sigilo é uma estratégia para a condução das investigações. De acordo com Rivaldo, o crime "foi muito bem desenhado", mas a Polícia Civil está trabalhando para elucidar o caso para toda a população.