Vestidos de petroleiros, com capacetes e macacões laranjas manchados de preto, ativistas do Greenpeace protestaram nesta quinta-feira em frente à agência reguladora do setor de petróleo ANP contra a oferta permanente de áreas exploratórias de óleo e gás na região amazônica.
O protesto vem após o órgão federal ambiental Ibama negar, na semana passada, pedido de licença feito por consórcio liderado pela petroleira francesa Total (TOTF.PA) para perfurar cinco blocos marítimos adquiridos em 2013, na Bacia da Foz do Amazonas, no mar do Amapá.
No ato, ativistas traziam uma placa afirmando “Petróleo na Amazônia, não” e ficavam envolta de uma réplica de um “cavalo”, jargão do setor para um equipamento utilizado para a exploração de petróleo em terra, bem em frente à sede da ANP, no centro do Rio. O especialista em clima e energia do Greenpeace Marcelo Lima participou da manifestação.
“Nós viemos aqui, em frente a sede da ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis), dizer que somos contra a exploração de petróleo na Amazônia e pedir que a ANP retire os 80 blocos de exploração de petróleo que estão sendo oferecidos na Amazônia agora na oferta permanente que começou dia 1º de novembro”, disse Lima.
A oferta permanente é uma nova forma de oferecer áreas exploratórias no Brasil, incluindo blocos em bacias de novas fronteiras e de elevado potencial, em terra e mar. Alguns dos objetivos são ampliar o conhecimento das bacias sedimentares e descentralizar o investimento exploratório no Brasil.
Mas a busca por petróleo nas áreas consideradas de nova fronteira, ainda pouco conhecidas e muitas vezes próximas a ecossistemas sensíveis, tem sido alvo de protestos do Greenpeace.
“Esses blocos estão em áreas extremamente sensíveis, tanto socialmente como ambientalmente na Amazônia. Então não só as atividades de exploração e operação de óleo que já têm muitos impactos, mas um derramamento (vazamento de óleo) nessas áreas seria extremamente agressivo pra biodiversiodade e comunidades que dependem da floresta”, afirmou Lima.
A decisão do Ibama da semana passada foi considerada uma grande vitória da ONG internacional, uma vez que vem liderando uma campanha contra a exploração de petróleo na Foz do Amazonas há cerca de dois anos, depois que uma descoberta no mar do Amapá de recifes de corais, rodolitos e esponjas com propriedades inéditas foi publicada na revista Science Advances, em 2016.