Depoimento do dono da JBS foi ponto de partida para a Patmos, operação que prendeu a irmã do senador mineiro em 2017 e precedeu a atual operação
Agentes da Polícia Federal e do Ministério Público Federal cumprem na manhã desta terça-feira (11) 24 mandados de busca e apreensão envolvendo parlamentares que teriam recebido vantagens indevidas entre 2014 e 2017.
Equipes fazem buscas em imóveis do senador Aécio Neves (PSDB-MG) e da irmã dele, Andrea Neves, no Rio e em Minas Gerais. Também estão entre os alvos o deputado federal e presidente nacional do partido Solidariedade, Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força.
Batizada de Ross, a ação é um desdobramento da Lava Jato, mais especificamente da Patmos, operação deflagrada em maio de 2017. A Patmos foi uma ação da Polícia Federal em conjunto com a Procuradoria-Geral da República que colocou os senadores Aécio Neves, Zezé Perrella (PMDB-MG), além do deputado Rocha Loures (PMDB-PR) e pessoas próximas ligadas a eles na mira das investigações.
Áudios e provas foram reveladas pelo jornal "O Globo" envolvendo o presidente Michel Temer e os senadores na suposta compra do silêncio do deputado Eduardo Cunha (PMDB- RJ) para impedi-lo de fazer a delação premiada.
Balanço
A jornalista e irmã do senador Aécio Neves, Andrea Neves, ficou presa no Complexo Penitenciário Estevão Pinto, em Belo Horizonte (MG), entre os dias 18 a 22 de maio de 2017. Depois seguiu para a prisão domiciliar com uso de tornozeleira eletrônica.
Andrea foi citada na delação de Joesley Batista e é acusada pelo Ministério Público Federal de intermediar um pedido de seu irmão, Aécio, de R$ 2 milhões ao empresário da JBS, sob o argumento de que o senador precisava de dinheiro para custear sua defesa na Operação Lava Jato.
Também foram presos o primo de Aécio, Frederico Pacheco de Medeiros, e Mendherson Souza Lima, funcionário do senador Zezé Perrella. De acordo com investigações da PF, Fred teria recebido os R$ 2 milhões de Ricardo Saud, executivo da JBS, e repassado a Mendherson. Cerca de R$ 479.900 foram recolhidos pela PF na busca e apreensão à casa da sogra de Mendherson.
Em junho, o ex-deputado Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), aliado do presidente Michel Temer (PMDB), foi preso pela PF. Loures também foi gravado por Joesley em negociação de pagamento de propinas. Em um dos vídeos gravados pela Polícia Federal, Rocha Loures aparece “correndo” após supostamente ter recebido uma mala com R$ 500 mil.