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GRAVE: Silêncio de Sérgio Moro mostra desconfiança com família Bolsonaro

Apenas o ex-juiz poderia reduzir os estragos causados pela divulgação do relatório do COAF



O ex-juiz Sérgio Moro, que inovou o sistema jurídico ao condenar acusados de corrupção baseado em indícios, está em uma tremenda saia-justa desde a semana passada, quando o COAF divulgou relatório mostrando que um ex-motorista do deputado estadual eleito para o Senado, Flávio Bolsonaro movimentou R$ 1,2 milhões em sua conta bancária, empregava quase toda a família em cargos comissionados, recebia dinheiro de outros assessores e ainda mandou para a conta da futura primeira-dama Michelle, a quantia de R$ 24 mil.


Ao ser confrontado por jornalistas sobre o assunto, Moro virou as costas e silenciou sobre o assunto, assim como também não fizeram nenhuma referência ao tema os demais integrantes da Lava-Jato. O Procurador Deltan Dallagnol, que ficou conhecido pela apresentação do “power point” que mostrava como supostamente funcionava os esquemas de corrupção no governo Lula, vem sendo um dos mais cobrados em sua conta no Twitter. Jornalistas e usuários da rede marcam o procurador em todas as postagens envolvendo o episódio e sua última postagem, feita nesta segunda-feira, se limitou a retwitar uma matéria do jornal O Globo sobre denúncias contra o juiz Siro Darlan, suspeito de soltar presos e troca de pagamento de propina.


Sérgio Moro, o juiz que ficou conhecido internacionalmente por ter condenado dezenas de empresários e políticos, entre eles o ex-presidente Lula, e como magistrado sempre se colocou como “paladino contra a corrupção”, deve estar avaliando que fez uma péssima escolha ao trocar a magistratura por um cargo político. Dias atrás, em entrevista, afirmou ter “confiança pessoal em Onyx Lorenzoni“, deve estar respirando aliviado por não ter dito o mesmo sobre os membros da família Bolsonaro.


No domingo, a revista Época publicou reportagem mostrando que “o clã Bolsonaro acumulou na política patrimônio de R$ 6 milhões“. A matéria revela que “a família Bolsonaro é dona de 13 imóveis com preço de mercado de pelo menos R$ 15 milhões, em bairros do Rio Copacabana, Barra da Tijuca e Urca, a maioria em pontos valorizados do Rio de Janeiro, como Copacabana, Barra da Tijuca e Urca” e mostra que entre todos, o deputado federal Eduardo foi o que mais evoluiu patrimonialmente. De acordo com a publicação, “crescimento de 432% entre 2014 e 2018. Há quatro anos, Eduardo Bolsonaro havia declarado ser dono de apenas dois bens: um apartamento (R$ 160 mil) e um veículo (R$ 45 mil). Agora, o patrimônio do parlamentar ainda inclui depósitos bancários, aplicações financeiras e um apartamento de mais R$ 1 milhão”.



Com todos esses fortes indícios de que alguma coisa está errada com as contas da família, Sérgio Moro faz bem em silenciar. Qualquer pronunciamento sobre o assunto pode deixa-lo em uma condição ainda mais frágil, já que novos relatórios podem vir à público. Moro quer controlar o COAF, órgão que demonstrou ser totalmente desprovido de ideologias. Foi pelo COAF que o Brasil, e o próprio Moro souberam de todas as operações suspeitas envolvendo o PT, assessores e empresários. Se o órgão for para as mãos do Ministério da Justiça, casos como esse do motorista de Flávio teria uma probabilidade muito maior de ser engavetado.


Nesta altura do campeonato, o único que pode amenizar o “climão” que paira sobre Brasília e vai ofuscar a diplomação desta segunda-feira é Sérgio Moro. Resta saber se ele vai se portar como juiz ou político, subordinado a Bolsonaro e sua família.




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