O deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), atual presidente da Câmara dos Deputados, pretende disputar a presidência da Casa por mais dois anos. A eleição, que é realizada em fevereiro, já tem pelo menos outros sete deputados na disputa com Maia, informa o jornal O Globo.
O favoritismo de Maia - que comanda a Câmara desde a cassação de Eduardo Cunha (MDB-RJ) - está ameaçado pelo peso que o partido dele, o DEM, já tem na formação do governo do presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL) e pela distância que ele vem mantendo de Maia.
Até agora, João Campos (PRB-GO), Alceu Moreira (MDB-RS), Capitão Augusto (PR-SP), Giacobo (PR-PR), Fábio Ramalho (MDB-MG), JHC (PSB-AL) e Delegado Waldir (PSL-GO) têm se movimentado para tentar a presidência da Casa daqui três meses.
Para dar início oficial à sua campanha pela presidência da Casa, Rodrigo Maia vai oferecer um jantar para aproximadamente 40 deputados novatos na terça-feira (20).
Espaço no governo
O DEM de Maia já garantiu espaço na Esplanada dos Ministérios com Onyx Lorenzoni (DEM-RS) e Tereza Cristina (DEM-MS), que já foram anunciados como futuros ministros da Casa Civil e da Agricultura, respectivamente. Outro nome do DEM, o deputado Luiz Henrique Mandetta (MS), também é cotado para assumir o Ministério da Saúde.
João Campos, que tem uma boa relação com Bolsonaro, tem a simpatia do presidente eleito e aponta que o peso do DEM no governo não ajuda Maia.
Bolsonaro afirmou que não quer interferir nas eleições da Mesa Diretora da Câmara, mas completou dizendo que há “outros candidatos muito bons” para comandar a Casa.
A desconfiança de aliados de Bolsonaro com Maia reside, principalmente, no bom trânsito que Maia tem com partidos de esquerda.
À reportagem de O Globo, o ex-lider do DEM na Câmara, deputado Efraim Filho (PB), afirmou que para o governo, é interessante ter uma pessoa que possa conversar com todos. “O Rodrigo não é o preferido pelo PSL nem pela oposição, mas é o único que é aceito por ambos. Essa capacidade de diálogo faz diferença no parlamento”, diz.
Próximos a Bolsonaro
Além de João Campos, que uma das lideranças da bancada evangélica, Alceu Moreira e Capitão Augusto também têm a simpatia de Bolsonaro. Moreira é uma das lideranças da bancada ruralista e Capitão Augusto deve assumir a liderança da Frente Parlamentar da Segurança Pública, a chamada “bancada da bala”, a partir do ano que vem.
Aliados de Maia, entretanto, avaliam que os deputados não conseguirão reunir apoios fora de seus próprios nichos.
Bolsonaro afirmou que seu partido não deveria ter um nome na disputa pelo comando da Câmara. Apesar disso, o deputado Delegado Waldir (PSL-GO), afirmou que vai manter seu nome na corrida.
“Quero ter aqueles 10 minutos que o Bolsonaro teve em 2017”, disse o deputado, em referência a 2017, quando Bolsonaro concorreu à presidência da Câmara e teve apenas quatro votos. Naquele ano, Maia foi reeleito presidente da Casa em primeiro turno, com 293 de 504 votos.